Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Leia o relatório da PF sobre desvios milionários na Cemig

Em 66 páginas do inquérito 0046/2019, Polícia Federal em São Paulo detalha a participação de um grupo supostamente ligado a esquema na Cemig Geração e Transmissão envolvendo aliados do deputado Aécio Neves (PSDB/MG)

PUBLICIDADE

Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:

A Polícia Federal em São Paulo detalhou em relatório de 66 páginas como operava suposto esquema de desvios milionários na Cemig Geração e Transmissão, alvo da fase 4 da Operação Descarte, deflagrada nesta quinta, 11. A investigação cita aliados do deputado Aécio Neves (PSDB/MG). A PF chegou a pedir a prisão temporária de Oswaldo Borges da Costa Filho, suspeito de ter participado de um esquema de fraude na construção da Cidade Administrativa, sede do governo de Minas, e de Flávio Jacques Carneiro, apontado pelo empresário Joesley Batista como intermediário de propina para o tucano.

PUBLICIDADE

O objetivo da operação é apurar o desvio de dinheiro da Cemig Geração e Transmissão por meio do aporte de R$ 850 milhões na empresa Renova Energia SA com posterior repasse de parte deste recurso por meio do superfaturamento de um contrato com a empresa Casa dos Ventos Energias Renováveis e escoamento dos valores através de sua transferência a várias empresas. Em seguida, o dinheiro foi convertido em espécie e distribuído a diversas pessoas.

O diretor da Casa dos Ventos Energias Renováveis, Clécio Antônio Campodônio Eloy, fechou delação na Operação Decartes. Segundo a Federal, o executivo entregou provas que confirmaram as fraudes.

A PF investiga executivos e acionistas da empreiteira Andrade Gutierrez, da Cemig, da Renova e da Casa dos Ventos na fraude, além dos operadores financeiros e outras empresas usadas para 'escoar o dinheiro desviado'. Os agentes federais cumprem 26 mandados de buscas, ordenados pela 2.ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

A reportagem está tentando localizar os citados. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, A CEMIG

Por meio de sua Superintendência de Comunicação Empresarial, a CEMIG informou.

"A Companhia Energética de Minas Gerais - Cemig informa que, na manhã desta quinta-feira (11/4), agentes da Polícia Federal e da Receita Federal estiveram na sede da empresa em Belo Horizonte para cumprir mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça Federal de São Paulo em razão de indícios da prática de desvios de recursos em prejuízo da Cemig, em investigação de fatos ocorridos anteriormente a 2015, na empresa Renova, com sede na capital paulista.

Publicidade

A Cemig esclarece que está em total colaboração com as autoridades e que também tem interesse na rápida evolução dessas investigações. A empresa reforça o seu compromisso com a transparência e que manterá o mercado e a sociedade informados sobre a evolução desses fatos ocorridos no passado."

COM A PALAVRA, A CASA DOS VENTOS

A Casa dos Ventos esclarece que nem a empresa, nem seus acionistas, nem seus administradores foram objeto de investigação, busca e apreensão ou quebras de sigilos, conforme atestado pelas autoridades.

Por iniciativa própria, a companhia já vem colaborando, sob sigilo, com as autoridades na apuração dos fatos, ocorridos há 5 anos.

COM A PALAVRA, A ANDRADE GUTIERREZ

Publicidade

A Andrade Gutierrez informa que ainda está buscando informações completas do que se trata a operação de hoje. No entanto, a empresa faz questão de afirmar que já demonstrou reiteradamente sua disposição de colaboração com a Justiça e esclarecer fatos ocorridos no passado por meio dos diversos acordos firmados com o Ministério Público Federal (MPF), Controladoria Geral da União (CGU), Advocacia Geral da União (AGU) e CADE. A companhia segue acompanhando a operação em andamento e se coloca à disposição para ajudar a esclarecer os fatos relacionados. A empresa reitera ainda seu apoio a todo tipo de ação que tenha como objetivo combater a corrupção.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO CARLOS ARGES, DEFENSOR DE OSWALDO BORGES

"Lamentavelmente a investigação colocada em prática pela autoridade policial é resultante de declarações de delator, sem que exista qualquer fundamento e sem qualquer lastro de prova, que possa minimamente comprometer a conduta ilibada do sr. Oswaldo Borges da Costa Filho, o qual jamais praticou ou participou de qualquer ato ilícito, o que ficará devidamente esclarecido."

COM A PALAVRA, A AÉCIO NEVES

Nota

Publicidade

O deputado federal Aécio Neves não conhece o assunto, razão pela qual não vai se pronunciar.

Assessoria de Imprensa

COM A PALAVRA, O ADVOGADO ROBERTO PODVAL, QUE DEFENDE RICARDO DELNERI E RENATO AMARAL

Ricardo Delneri e Renato Amaral, conselheiros da Renova Energia S.A. não conhecem Aécio Neves, nunca souberam ou autorizaram qualquer doação para campanha, e estudam as medidas cabíveis contra as pessoas que dilapidaram em proveito próprio e de terceiros, os recursos da Renova.

COM A PALAVRA, A CODEMIG

Publicidade

Oswaldo Borges da Costa Filho foi presidente da Codemig de 10/01/03 a 19/12/14.

De parte da Companhia, não há o que manifestar.

COM A PALAVRA, A RENOVA

A Renova Energia vem por meio desta informar que, conforme divulgado pela imprensa na data de hoje (11/04/2019), a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação "E o Vento Levou", quarta fase da Descarte, para apurar desvio de dinheiro da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) por meio do aporte de R$ 850 milhões na Renova. A Companhia esclarece que trata-se de uma investigação, ainda em curso, relacionada ao período anterior a 2015, e que irá colaborar com todas as informações necessárias para auxiliar os trabalhos da Polícia Federal e do poder judiciário. A Renova Energia afirma o seu compromisso com a transparência e que manterá todos informados sobre a evolução dos fatos. A Renova Energia não se pronunciará especificamente sobre a deleção, porém a Companhia afirma que está acompanhando os fatos e contribuindo com as investigações da Polícia Federal e do Poder Judiciário.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.