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Leia a denúncia da Procuradoria contra 24 por fraudes na Saúde do Rio

Ministério Público Federal acusa empresários, altos executivos de multi-nacionais, e também o ex-secretário da pasta, Sérgio Côrtes, no governo Sérgio Cabral

Por Constança Rezende
Atualização:

Reprodução Foto: Estadão

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou empresários, altos executivos de multi-nacionais, e o ex-secretário de Saúde do Rio, Sérgio Cabral, 24 no âmbito da Operação Ressonância, por fraudes em contratos da pasta celebrados pelo estado do Rio e pelo Instituto Nacional de Traumatologia (Into).

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RESSONÂNCIA

O Ministério Público Federal denunciou 24 pessoas investigadas na Operação Ressonância. Entre os acusados estão o ex-secretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro Sérgio Côrtes, o empresário Miguel Skin, o diretor-geral do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), André Loyello, e o ex-CEO da Philips Medical Daurio Speranzini. Eles são acusados pelos crimes de organização criminosa, fraude a licitações, corrupção passiva e prevaricação.

As investigações apuraram fraudes em pelo menos 10 pregões realizados pelo Into entre os anos de 2007 e 2016. Em todas as contratações, foi identificada a atuação do chamado "clube do pregão internacional", um cartel formado por 35 empresas fornecedoras de equipamento de saúde que atuou por mais de 20 anos perante o Into.

O esquema contava com a colaboração de funcionários públicos, como Sérgio Côrtes, Jair Veiga, André Loyello e Luis Moreno - estes dois últimos auxiliados pelos operadores financeiros João da Luz e Rafael Magalhães -, que agiam de forma coordenada em benefício das empresas integrantes do esquema. Com a participação dos integrantes do núcleo operacional, as contrações eram direcionadas com cotações de preços fraudadas e mediante a desclassificação ilícita de concorrentes que não faziam parte do cartel.

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"As fraudes a licitações, a cartelização e o pagamento de propina envolviam não só os contratos de aquisição de equipamentos médicos importados de alta complexidade, como também os contratos de aquisição de órteses, próteses e materiais especiais. As atividades de empresários e funcionários públicos envolvidos nessa grande teia criminosa eram coordenadas por Miguel Iskin e Sérgio Côrtes, responsáveis por angariar grandes fabricantes mundialmente reconhecidas e obter liberação orçamentária para as contratações em valores estratosféricos, as quais, segundo dados do TCU atingiram mais R$ 1,5 bilhão apenas no âmbito das contratações do Into, no período de 2006 a 2017", explicam na denúncia os procuradores da República da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro.

O valor de propina era pago por meio de um caixa gerenciado por Miguel Iskin, que arrecadava comissões que podiam chegar a 40% do valor dos contratos. Em alguns casos, a comissão era paga no exterior por intermédio de empresas offshore, em outros era recolhida no Brasil. Apenas com a empresa Maquet, estima-se que Iskin faturou US$ 53,8 milhões e EUR 23,2 milhões.

Corrupção, lavagem e evasão - Em outra denúncia apresentada esta semana em decorrência das Operações Fatura Exposta e Ressonância, o MPF acusa o ex-secretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro Sérgio Côrtes, a esposa dele, Verônica Vianna, e os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita por corrução, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

A denúncia aponta que Sérgio Côrtes, com o auxílio de Verônica Vianna, recebeu vantagens indevidas na Suíça e nas Bahamas. O pagamento foi feito por Miguel Iskin e Gustavo Estellita para garantir benefício para suas empresas nos contratos de fornecimento de equipamentos e produtos médico-hospitalares celebrados com a Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro.

As investigações revelaram que Côrtes e Verônica receberam em maio e agosto de 2011 US$ 2,4 milhões em uma conta na Suíça em nome da offshore Casius Global SA. O valor foi pago por Estellita e Iskin, a partir de uma conta mantida nos EUA em nome da offshore Luchino. Em dezembro de 2015 e outubro de 2016, foram identificadas duas transferências, no valor total de US$ 400 mil, da conta de Côrtes na Suíça para outra conta nas Bahamas, em nome da offshores Caltex Holding Corp. Nesta conta, as investigações identificaram que Côrtes manteve, entre dezembro de 2015 e julho de 2017, US$ 4,3 milhões não declarados e que depois foram trazidos para o Brasil.

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Foi apurado, ainda, que Verônica era a titular da conta na Suíça vinculada a Côrtes e que os recursos ali depositados foram utilizados por ela com gastos pessoais e aquisição de produtos de luxo, com gastos, por exemplo, em viagens a Las Vegas, Nova Iorque e Veneza.

COM A PALAVRA, DAURIO SPERANZINI JÚNIOR, DA GE

"Daurio foi libertado com medidas restritivas e continuará afastado, enquanto a empresa acompanha o caso. A GE conta com sólido time de liderança, que continua a operar os negócios da companhia e servir aos nossos clientes. Esse fato não altera em nada nossas operações, compromissos e projetos futuros com nossos parceiros. Consistente com nossas práticas, estamos comprometidos em cooperar com as autoridades. A GE é profundamente comprometida com integridade, conformidade e o estado de direito no Brasil e em todos os demais países em que opera."

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