Redação
28 de agosto de 2020 | 11h16
O governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) durante entrevista no Palácio Guanabara. Foto: Wilton Júnior / Estadão
Na decisão em que determinou o afastamento do governador do Rio Wilson Witzel por 180 dias, o ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, apontou que o inquérito da Operação Placebo foi aberto inicialmente para apurar indícios de fraudes na instalação de hospitais de campanha e fornecimento de respiradores e medicamentos para o combate à pandemia da Covid-19, mas acabou identificando um suposto esquema de corrupção muito maior.
“Com o andamento das investigações, verificou-se, em tese, a existência de prováveis ilícitos muito mais abrangentes que aqueles referentes às ações de combate à pandemia de Covid-19, envolvendo o período que vai desde a campanha eleitoral de 2018 até a presente data, com acentuado aparelhamento do Estado – incluindo nomeações a cargos-chave, como Secretários de Estado, de pessoas de dentro do esquema e vinculadas aos (pelo menos) três grupos supostamente criminosos, a exemplo de Lucas tristão e Edmar Santos –, bem ainda elevadas somas de dinheiro e pagamentos de verba, por meio de contratos supostamente forjados, diretamente ao Governador, numa complexa teia de relações de quiçá centenas de pessoas físicas e jurídicas”, afirmou o ministro.
Documento
Benedito considerou que a ‘ordem pública mostra-se vulnerada, ante a prática de atos delitivos desde antes da eleição, em 2018, e durante os anos de 2019 e 2020, até o presente momento’. Nessa linha, ele considerou que a prisão preventiva de um grupo de investigados seria necessária e adequada, ‘como o único meio para fazer cessar tais atividades criminosas, maximizadas pela emergência decorrente da pandemia, impedindo-se a reiteração delitiva’.
Os seis citados por Benedito são alvos da Operação Tris in Idem desencadeada na manhã desta sexta, 28: empresário Mário Peixoto, os supostos operadores Alessandro de Araújo Duarte e Cassiano Luiz da Silva, o sócio de Peixoto Juan Elias de Paula, o político e ex-prefeito de Volta Redonda Gothardo Lopes Netto e o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico Lucas Tristão do Carmo.
Os cerca de 380 policiais federais que participam das ações cumprem ainda outros 11 mandados de prisão temporária e fazem 72 buscas em seis Estados e no Distrito Federal. O Pastor Everaldo, presidente do PSC, foi um dos presos na ofensiva.
COM A PALAVRA, O GOVERNADOR WILSON WITZEL
Em nota, o governador afirmou: “A defesa do governador Wilson Witzel recebe com grande surpresa a decisão, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade. Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis”.
Em pronunciamento o governador afastado se disse ‘indignado’ e ‘vítima de perseguição política’.
COM A PALAVRA, O PASTOR EVERALDO
O Pastor Everaldo informa que, no dia 19 de agosto, encaminhou petição ao STJ solicitando para ser ouvido.
Na manhã desta sexta-feira, foi surpreendido com sua prisão e com a busca e apreensão realizadas em seus endereços.
Após ser preso, o Pastor Everaldo pediu para ser ouvido ainda hoje. O depoimento, no entanto, só deve acontecer na próxima segunda-feira, dia 31.
O Pastor Everaldo reitera sua confiança na Justiça.
COM A PALAVRA O PSC
O ex-senador e ex-deputado Marcondes Gadelha, vice-presidente nacional do PSC, assume provisoriamente a presidência da legenda.
O calendário eleitoral do partido nos municípios segue sem alteração.
O PSC reitera que confia na Justiça e no amplo direito de defesa de todos os cidadãos.
O Pastor Everaldo sempre esteve à disposição de todas as autoridades, assim como o governador Wilson Witzel.
COM A PALAVRA, O DEPUTADO ANDRÉ CECILIANO
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado André Ceciliano, está acompanhando os desdobramentos da Operação Tris in Idem e seus impactos na governança do Estado do Rio de Janeiro.
Ceciliano desconhece as razões da busca e apreensão em seus gabinetes no prédio da Rua da Alfândega e no anexo, mas está tranquilo em relação à medida. Ele pôs à disposição dos agentes da PF seu gabinete no Palácio Tiradentes, que não estava incluído no mandado.
Ceciliano reitera a sua confiança na Justiça e afirma que está pronto a colaborar com as autoridades e a contribuir com a superação desse grave momento que, mais uma vez, o Rio de Janeiro atravessa. Ele também colocou seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à disposição das autoridades.
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