Em alegações finais, a força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal no Paraná requereu a condenação do espanhol David Muino Suarez pela suposta prática, entre 2010 e 2013, do crime de lavagem de dinheiro de pelo menos US$ 21,7 milhões. Esse valor, segundo a Procuradoria, 'é proveniente de crimes de corrupção ativa e passiva' no contrato firmado pela Petrobrás para aquisição de 50% dos direitos de exploração do campo de petróleo de Benin, na África, em 2011.
As informações foram divulgadas pela força-tarefa - Ação penal nº 5055362-06.2017.4.04.7000/Chave 621139987217.
Suarez era gerente da agência de Zurique do Banco BSI, na Suíça. As investigações demonstram que 'ele intermediou' a constituição de três empresas offshore junto ao escritório Mossak Fonseca, a Acona International Investments, a Sandfield Consulting e a Stingdale Holdings.
A Procuradoria na Lava Jato afirma que 'após atuar como intermediário junto à consultoria panamenha, Suarez realizou a abertura das contas bancárias dessas offshores no Banco BSI, nas quais transitaram valores provenientes, direta ou indiretamente, dos crimes de corrupção relacionados ao campo de Benin'.
Tais crimes, segundo o Ministério Público Federal, já foram comprovados em três ações penais - nº 5027685-35.2016.404.7000, nº 5051606-23.2016.404.7000, e nº 5024879-90.2017.404.7000.
Documento
ALEGAÇÕES FINAIS DA LAVA JATO"O gerente bancário deve adotar uma conduta ativa de verificação da licitude das transações, não apenas solicitando informações aos seus próprios clientes, mas também buscando, em fontes a ele disponíveis (abertas ou não), informações sobre as empresas, pessoas e contratos envolvidos na operação", afirmam os procuradores da força-tarefa Lava Jato em suas alegações finais.
Na avaliação dos procuradores, 'a proatividade do réu se deu no sentido inverso, no sentido de viabilizar a constituição das offshores essenciais às etapas de ocultação, dissimulação e integração das propinas recebidas por funcionários da Petrobrás'.
COM A PALAVRA, A DEFESA
A reportagem busca contato com a defesa de David Muino Suarez. O espaço está aberto para manifestação também para o escritório panamenho Mossack Fonseca. (paulo.netto@estadao.com)