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Lava Jato reage a Bolsonaro e diz que presidente 'reforça a percepção sobre a ausência de comprometimento com o fortalecimento do combate à corrupção'

Procuradores da força-tarefa dizem reforçar compromisso com papel constitucional do Ministério Público 'apesar de forças poderosas em sentido contrário'

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Por Pepita Ortega , Rayssa Motta e Fausto Macedo
Atualização:

O presidente Jair Bolsonaro ajusta uma máscara no rosto. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Os integrantes da força-tarefa da Lava Jato do Paraná divulgaram nota nesta quinta, 8, em reação à afirmação do presidente Jair Bolsonaro de que ele acabou com a operação pois 'não há mais corrupção no governo'. Em nota, os procuradores apontaram que o discurso do chefe do Executivo indica 'desconhecimento sobre a atualidade dos trabalhos e a necessidade de sua continuidade', mas mais que isso 'reforça a percepção sobre a ausência de efetivo comprometimento com o fortalecimento dos mecanismos de combate à corrupção'.

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"A Lava Jato é uma ação conjunta de várias instituições de Estado no combate a uma corrupção endêmica e, conforme demonstram as últimas fases dos trabalhos, ainda se faz essencialmente necessária", afirmou ainda a força-tarefa, lembrando que horas antes da declaração do presidente, a 76ª fase da operação apreendeu quase R$ 4 milhões na casa de um ex-funcionário da Petrobrás sob suspeita de receber propinas.

A força-tarefa disse que o apoio da sociedade e a 'adesão efetiva e coerente de todos os Poderes da República' é fundamental para que os esforços das investigações tenham êxito. "Os procuradores da República designados para atuar no caso reforçam o seu compromisso na busca da promoção de justiça e defesa da coisa pública, papel constitucional do Ministério Público, apesar de forças poderosas em sentido contrário", registrou a nota divulgada pelo Ministério Público Federal do Paraná.

A declaração de Bolsonaro ocorreu na tarde desta quarta, 7, em resposta às críticas de lavajatistas por ter se aproximado de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que se posicionam contrários à operação tocada pelo ex-juiz Sérgio Moro. O presidente tem sido criticado pela indicação do desembargador Kassio Nunes para a vaga do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal. O nome do magistrado foi chancelado por Gilmar Mendes e Dias Toffoli, que mantém posicionamentos críticos à Lava Jato, e tem o apoio de parlamentares do chamado Centrão, atingido pela força-tarefa nos últimos cinco anos.

"É um orgulho, é uma satisfação que eu tenho, dizer a essa imprensa maravilhosa que eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo. Eu sei que isso não é virtude, é obrigação", disse o presidente no Palácio do Planalto nesta tarde, quando discursava no lançamento do Programa Voo Simples, do Ministério da Infraestrutura, que promete modernizar as regras de aviação no País.

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A afirmação se deu momentos depois de os ministros do STF decidirem alterar o regime interno para que ações penais e inquéritos voltem a serem analisados pelo plenário e não mais pelas duas turmas de julgamento. A mudança foi proposta pelo presidente do STF, ministro Luiz Fux, e é visto como uma reação para blindar a Lava Jato.

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro também reagiu à fala de Bolsonaro indicando que tentativas de 'acabar com a Lava Jato' representam 'a volta da corrupção'. "As tentativas de acabar com a Lava Jato representam a volta da corrupção. É o triunfo da velha política e dos esquemas que destroem o Brasil e fragilizam a economia e a democracia. Esse filme é conhecido. Valerá a pena se transformar em uma criatura do pântano pelo poder?", afirmou Moro em seu perfil no Twitter.

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