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Lava Jato prende operador da Odebrecht em Madri

Apontado como um dos operadores das offshores criadas pelo “departamento de propina da Odebrecht”, Tacla Duran teria recebido R$ 54 milhões de empreiteiras investigadas na Lava Jato

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Por Fabio Serapião
Atualização:
 Foto: Estadão

Considerado foragido desde a 36ª fase da Lava Jato, o advogado Rodrigo Tacla Duran estava na Difusão Vermelha da Interpol e foi preso na noite de ontem por policiais da cidade de Madri. O advogado era um dos operadores financeiros utilizados pelas empreiteiras envolvidas na Lava Jato para lavar e produzir dinheiro em espécie utilizado para o pagamento de propina. Na Odebrecht, Tacla Duran era proprietário de uma das camadas de offshore ligadas ao Setor de Operações Estruturadas - o departamento da propina.

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Segundo nota da Polícia Federal, a instituição, através de seu Oficialato de Ligação na U.S. Immigration and Customs Enforcement (ICE) em Miami/EUA, recebeu informação das autoridades norte-americanas sobre a viagem de Rodrigo Tacla Duran para Madri. De posse dessa informação, o Escritório Central da INTERPOL em Brasília, acionou a Adidância da Polícia Federal na Espanha, que, por sua vez, movimentou as autoridades espanholas para localizar e prender o foragido, fato que se concretizou no início da noite de hoje. Após as comunicações oficiais, deverá ser iniciado o processo para que Rodrigo Tacla Duran seja trazido ao Brasil, a fim de que possa responder pelos crimes que lhe são imputados pela Operação Lava Jato.

O advogado Rodrigo Tacla Duran, apontado como um dos operadores das offshores criadas pelo "departamento de propina da Odebrecht", recebeu R$ 54 milhões de empreiteiras investigadas na Lava Jato, entre elas, a UTC, Mendes Júnior e EIT. Os dados constam em pedido de quebra de sigilo de empresas que, segundo o MPF, são suspeitas de escoar a propina da Mendes Júnior.Somente da Mendes Júnior, o escritório Tacla Duran Sociedade de Advogados, entre 2011 e 2013, recebeu R$ 25 milhões. Da UTC foram R$ 9 milhões e da EIT outros R$ 2 milhões.

 

O Estado apurou que no caso da Mendes Júnior, os repasses ao operador são explicados na proposta de delação premiada em negociação com a Procuradoria-geral da República. Os valores seriam destinados a agentes públicos envolvidos em irregularidades em obras da Petrobras e no governo do Rio de Janeiro.

Até então, os investigadores tinham conhecimento apenas da atuação de Tacla Duran em transações envolvendo as contras secretas da Odebrecht. Com a quebra de sigilo das construtoras, os investigadores descobriram que duas empresas de TaclaDuran foram beneficiárias de pagamentos milionários.

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Além da Odebrecht, Mendes Júnior, UTC e EIT, o MPF também mapeou a relação de Tacla Duran com ao menos outras duas empreiteiras e dois operadores presos pela Lava Jato. A Treviso, de Julio Camargo, operador da Toyo Setal e atualmente delator, repassou R$ 350 mil para o escritório do advogado. Por sua vez, outra empresa de Tacla Duran, a Econocell do Brasil, repassou R$ 3,5 milhões para empresas de Adir Assad, apontado como operador da Delta Engenharia e de outras construtoras.

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