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Lava Jato pede prisão preventiva de cunhada de Vaccari e de marqueteiro do PT

Marice Correa Lima e Valdemir Garreta foram capturados na sexta, 23, em regime temporário, por cinco dias, na Operação Sem Fundos, 56.ª fase da Lava Jato; agora, Procuradoria quer permanência de ambos na prisão por tempo indeterminado

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Por Julia Affonso
Atualização:

Marice Correa foi presa em casa. Foto: Reprodução

O Ministério Público Federal requereu nesta terça-feira, 27, a prisão preventiva da administradora de empresas Marice Corrêa Lima, cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, do marqueteiro Valdemir Garreta, ligado ao PT, e mais dois investigados da Operação Sem Fundos. A 56.ª fase da Lava Jato investiga um esquema de corrupção e propinas na construção da Torre Pituba, sede da Petrobrás em Salvador.

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Marice e Garreta foram presos na sexta-feira, 23, em regime temporário, por cinco dias. Agora, a Procuradoria quer a permanência deles na prisão por tempo indeterminado.

Os investigadores afirmam que as empreiteiras OAS e Odebrecht distribuíram propinas de R$ 68 milhões ao PT e a ex-dirigentes da Petrobrás e do fundo de pensão Petros.

Na decisão que mandou prender Marice, a juíza federal Gabriela Hardt afirma que ela 'atuou como operadora do Partido dos Trabalhadores, arrecadando significativas quantias de vantagens indevidas'. Segundo a magistrada, a cunhada de Vaccari 'foi responsável por receber pessoalmente em sua residência as vantagens indevidas pagas em espécie para o Partido dos Trabalhadores, parte delas entregues por Alberto Youssef (doleiro e delator da Lava Jato)'.

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"Foi identificado o repasse de vantagens ilícitas ao Partido dos Trabalhadores, sob coordenação da operadora Marice Correa, por meio de 5 doações partidárias, no total de R$ 1,72 milhão, mais outras 4 entregas em espécie para ela mesma, em sua residência, no total de R$ 1,1 milhão", apontou a juíza.

Em depoimento, Marice disse que 'não' intermediou pagamento de vantagens indevidas no âmbito das obras da Torre Pituba.

"Nada sabe a respeito de pagamento de vantagens indevidas para o PT na construção da Torre Pituba em Salvador", afirmou Marice, que é defendida pelo criminalista Cláudio Pimentel.

Por que a Lava Jato pede a prisão preventiva de Marice e de Valdemir?

Em manifestação à Gabriela Hardt, o Ministério Público Federal citou o trecho do depoimento de Marice em que a cunhada de Vaccari afirma que 'não conhece nem sabe quem seja' dois executivos ligados à OAS, José Nogueira e Ramilton Machado. A Lava Jato afirma que 'o teor dessa declaração é francamente desmentido pelos dados telefônicos acessados a partir de afastamento de sigilo mediante autorização judicial'.

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"Evidenciam de modo irrefutável que Marice Corrêa manteve relacionamento telefônico direto tanto com José Nogueira quanto com Mateus Coutinho, líder do 'setor de propinas' da OAS, utilizando o terminal telefônico cuja titularidade reconheceu expressamente em seu interrogatório", relata a Lava Jato.

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A Procuradoria da República apontou à juíza que Valdemir Garreta, além de marqueteiro, 'funcionava como operador'. Os investigadores afirmam que Garreta arrecadou 'significativos valores de vantagens indevidas pagas pela Odebrecht em razão do empreendimento da Torre Pituba'.

"Além do seu amplo envolvimento nos fatos delitivos investigados e da sua demonstrada reiteração delitiva, que envolvia a arrecadação e distribuição de propinas em caráter verdadeiramente profissional e permanente, foram colhidos elementos adicionais apontando para a sua dilapidação patrimonial e a realização de práticas suspeitas de 'investigação privada'", registram os investigadores.

Segundo a Lava Jato, a PF apreendeu na casa de Valdemir Garreta 'duas folhas de sulfite, A4, intituladas com o nome Relatório'.

"Trata-se de dois impressos relatórios apócrifos, produzidos a partir de métodos obscuros, possivelmente de espionagem, contendo levantamento de informações pessoais (nome, endereço, número de registro de CPF, idade e filiação) de titulares de terminais telefônicos ali indicados. Na informação escusa está consignado que uma das pessoas investigadas "tem endereço comercial 'Superintendência Regional do DPF em São Paulo'", registrou o Ministério Público Federal.

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"O material apreendido denota claramente o recurso, pelo investigado, de expedientes suspeitos, na tentativa de levantar informações pessoais não acessíveis ao público em geral, possivelmente constantes de bancos de dados de concessionárias, em "investigações privadas", não havendo notoriamente propósito lícito na conduta de fazer levantamentos dessa natureza, os quais podem, de modo factível, ser empregados no exercício de coação de terceiros ou manipulação do ambiente probatório ainda não acessado pela apuração em curso perante esse d. Juízo Federal. Neste contexto, assume especial gravidade o fato de que uma dessas pessoas investigadas seria funcionário da Polícia Federal."

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