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Lava Jato pede a Moro inquérito contra braço do PP sem foro

Ministério Público Federal quer aprofundar apuração sobre seis ex-deputados; investigação foi enviada pelo Supremo Tribunal Federal à 13.ª Vara Federal, de Curitiba

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Foto do author Luiz Vassallo
Por Julia Affonso , Luiz Vassallo e Ricardo Brandt
Atualização:

PP. Foto: Reprodução

A força-tarefa da Operação Lava Jato pediu ao juiz federal Sérgio Moro a abertura de um inquérito contra seis ex-deputados do PP que não têm foro privilegiado. A investigação contra os ex-parlamentares foi desmembrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e enviada à 13.ª Vara Federal, de Curitiba, sob a tutela do magistrado.

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O PP - pessoa jurídica - já é alvo de uma ação de improbidade administrativa, na Justiça Federal, no Paraná. A Lava Jato considera que o partido controlava a Diretoria de Abastecimento da Petrobrás no esquema de propina sobre grandes contratos da estatal, entre 2009 e 2014, que também envolvia PT e PMDB.

Em setembro do ano passado, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou 12 deputados do PP por organização criminosa ao Supremo. A acusação formal apontou a participação dos parlamentares em um esquema 'para a prática de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, cartel, entre outros, em detrimento de entes da Administração Pública Federal direta e indireta, que envolveu autoridades com prerrogativa de foro de diversas agremiações partidárias (PP, PT e PMDB)'.

O ministro Edson Fachin ordenou, na época, a permanência perante a Corte máxima de codenunciados 'sem prerrogativa de foro por função cujas condutas estariam diretamente interligadas ao núcleo político do PP'. Fachin determinou que fosse enviado para a 13ª Vara Federal o braço da investigação que atingia investigados sem foro privilegiado cujas atuações não estivessem 'frontalmente coligadas às condutas das autoridades com foro por prerrogativa de função' e também de alvos 'alegadamente pertencentes a outros núcleos da apontada organização criminosa'.

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O material foi incluído no sistema processual da 13.ª Vara Federal em novembro do ano passado. Em 8 de fevereiro deste ano, a Procuradoria da República no Paraná solicitou o prosseguimento das investigações. Foram encaminhadas a Curitiba as apurações sobre Carlos Magno Ramos, João Luiz Corrêa Argolo dos Santos, José Linhares Ponte, Roberto Sergio R. Coutinho Teixeira, Vilson Luiz Covatti e Aline Lemos Corrêa de Andrade - filha do ex-deputado Pedro Corrêa, também do PP e delator da Lava Jato.

"Verifica-se necessária a instauração de inquérito policial para o aprofundamento das investigações relativamente à participação das pessoas referidas e de outras pessoas não detentoras de foro por prerrogativa de função no crime de organização criminosa", aponta a Procuradoria.

Os ex-parlamentares foram citados na delação premiada do doleiro Alberto Youssef. Segundo o delator, 'diversos integrantes do Partido Progressista recebiam mensalmente valores de propina'.

Youssef declarou que a 'alta cúpula' do partido levava entre R$ 250 mil e R$ 300 mil. Deputados com menor influência, segundo o doleiro, recebiam entre R$ 30 mil e R$ 150 mil por mês.

"As investigações do inquérito do Supremo foram concluídas antes que fossem amplamente conhecidos e juntados aos autos os termos de colaboração de Pedro Corrêa. Destaca-se que Pedro Corrêa foi, durante muito tempo, um dos principais líderes do Partido Progressista", anotaram os procuradores.

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"Nessa condição, Pedro Corrêa certamente tinha amplo conhecimento sobre os recebimentos ilícitos realizados em favor do Partido Progressista e sobre a forma de funcionamento da organização criminosa. Além disso, sua posição de destaque evidencia que poderá trazer novos elementos destinados a detalhar quem eram os beneficiários dos pagamentos ilícitos e a metodologia do pagamento."

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A reportagem tentou contato com os ex-deputados José Linhares Ponte, Roberto Sergio R. Coutinho Teixeira e Vilson Luiz Covatti, por meio do PP, e com Luiz Argôlo por meio de sua defesa. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO ALEXANDRE LOPER, QUE DEFENDE ALINE CORRÊA

"Aline Corrêa sempre esteve e continua à disposição das autoridades. Como colaboradora da Justiça, tem compromisso com a verdade e se manifestará somente perante as autoridades que atuam na Operação Lava Jato, para quem já esclareceu todas as questões envolvendo as doações eleitorais recebidas oficialmente na sua campanha de 2010."

COM A PALAVRA, O EX-DEPUTADO CARLOS MAGNO

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"Eu fui ouvido, apresentei minha declaração do Imposto de Renda, dados bancários e estou aguardando. O advogado está acompanhando."

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