Alvo de decreto de prisão preventiva na Operação Rock City, a fase 62 da Lava Jato deflagrada nesta quarta, 31, o presidente do Grupo Petrópolis Walter Faria declarou ter R$ 1,3 bilhão em contas no exterior, segundo aponta relatório de sua quebra de sigilo bancário. Segundo a Receita Federal, o montante equivale a 1% do total repatriado no âmbito do Regime Especial de Regularização Cambial e tributária (RERCT).
O Ministério Público Federal rastreou as contas do dono do Grupo Petrópolis e encontrou ativos na Suíça, Ilhas Virgens, Panamá, Reino Unido, Holanda e Uruguai.
Documento
R$ 1,3 BILHÃO
Documento
NO EXTERIOR
Segundo a procuradora Laura Tessler, que elaborou o relatório, 'a análise teve por objeto as Declarações de Imposto de Renda Pessoa Física de Walter Faria dos anos-calendário 2006 a 2017'.
"Dessas declarações foram coletados e empilhados os registros de ativos, com indicação de localização no exterior". Ela elenca todas as movimentações financeiras de Faria no período. Parte teria sido repatriada.
Segundo o juiza federal Gabriela Hardt, em decisão que autorizou a prisão de executivos do Grupo Petrópolis, Walter Faria 'aderiu ao Regime Especial de Regularização Cambial e tributária (RERCT) e "regularizou" R$ 1.393.800.399,02, conforme declarações de imposto de renda'.
"Em consulta aos dados de operações de câmbio de Walter Faria, constata-se que o investigado internalizou, de 01/01/2013 a 31/01/2019, o montante de USD 136.800.000,00, o que indica claramente que os ativos ilícitos permanecem em grande parte no exterior", anotou Gabriela.
O juiz ainda anota que, 'segundo o Relatório de Inteligência Financeira n.41353.3.138.4851 emitido pelo Coaf, de 08/04/2019 a 11/04/2019, Walter Faria internalizou cerca de R$ 185.805.000,00 e tentou adquirir uma Cédula de Crédito Bancário junto Intrader Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, mas não foi concretizado o negócio, pois este não conseguiu comprovar a licitude dos valores perante a instituição financeira'.
Lava Jato 62
Nesta quarta, 31, um efetivo de 120 policiais federais saiu às ruas para executar a operação 'Rock City', fase 62 da Lava Jato. Eles cumprem um mandado de prisão preventiva contra Walter Faria e cinco de prisão temporária de executivos do Grupo Petrópolis.
Três ordens de prisão foram cumpridas pela Polícia Federal até agora - Maria Elena de Souza, secretária da Diretoria do Grupo Petrópolis, Vanuê Faria, sobrinho do empresário Walter Faria, e o advogado Silvio Pelegrini, em cuja residência os investigações encontraram R$ 240 mil em dinheiro vivo.
Segundo o Ministério Público Federal no Paraná, o Grupo disponibilizou pelo menos R$ 208 milhões em espécie à Odebrecht no Brasil entre 2007 e 2011 e repassou R$ 121.581.164,36 em propinas da construtora disfarçadas de doações eleitorais.
Os navios-sonda da Petrobrás
A investigação identificou ainda contas bancárias no exterior controladas por Walter Faria que teriam sido utilizadas para o pagamento de propina no caso dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000.
De acordo com o Ministério Público Federal, entre setembro de 2006 a novembro de 2007, Júlio Gerin de Almeida Camargo e Jorge Antônio da Silva Luz, operadores que intermediavam a propina creditaram US$ 3.433.103,00 em favor das contas bancárias titularizadas pelas offshores Headliner LTD e Galpert Company S/A, cujo responsável era o controlador do grupo Petrópolis.