A força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal no Paraná denunciou o operador Waldomiro de Oliveira, integrante do grupo do doleiro Alberto Youssef, pelo crime de lavagem de ativos. Segundo a denúncia, altos executivos da empreiteira Camargo Correa prometeram pagamento de propina ao então diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa relativo a contratos para obras na Refinaria de Abreu e Lima (Rnest), cujos valores iniciais totalizavam mais de R$ 4,7 bilhões. A Procuradoria afirma que, pelo menos, R$ 45 milhões foram repassados pela Camargo Correa, 'mediante sucessivas operações de lavagem de dinheiro, a título de pagamento das propinas'.
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A denúncia
Desse montante de propina, segundo a denúncia do Ministério Público Federal, R$ 5,6 milhões foram repassados, entre 2010 e 2012, de forma dissimulada pela Camargo Corrêa por meio da contratação de empresas do setor de estruturas metálicas.
"De acordo com as investigações, essas sociedades empresárias realizaram transações bancárias fundadas em contratos e notas fiscais ideologicamente falsos, com a utilização de empresas controladas pelos operadores Alberto Youssef e Waldomiro de Oliveira", sustenta a Procuradoria.
A denúncia destaca que os 'próprios envolvidos' revelaram que os pagamentos foram destinados a Paulo Roberto Costa e ao PP, partido que o mantinha na posição de diretor de Abastecimento da Petrobrás.
Pelos crimes antecedentes de corrupção, três executivos ligados à empreiteira - João Ricardo Auler, Dalton dos Santos Avancini e Eduardo Hermelino Leite -, além de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef foram denunciados e condenados pelo então juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba - pena confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) e com trânsito em julgado.
Já os ex-deputados federais do PP João Alberto Pizzolatti Junior, Mário Silvio Mendes Negromonte e Luiz Fernando Ramos Faria já foram denunciados perante o Supremo Tribunal Federal, sendo que a acusação foi recebida e na sequência declinada para a 13.ª Vara, onde tramita sob o nº 5040308-29.2019.4.04.7000.
"Responsabilizar operadores financeiros que contribuem de forma significativa para a ocultação e a manutenção de esquemas de pagamentos de propinas é fundamental para o combate ao crime organizado e à macrocriminalidade. Essa é a vigésima oitava ação penal oferecida pela Lava Jato em Curitiba nesse ano e ainda há muito trabalho pela frente", declarou o procurador da República Felipe D'Elia Camargo, integrante da força-tarefa da Lava Jato no Paraná.
COM A PALAVRA, A DEFESA
A reportagem busca contato com a defesa de Waldomiro de Oliveira. O espaço está aberto para manifestação.