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Lava Jato denuncia Mário Peixoto, ex-deputado, 'Rei Arthur' e mais 7 por rede de laranjas e ocultação de R$ 18 milhões

Ministério Público Federal apresentou nova denúncia contra o empresário, que já havia sido denunciado por comandar esquema de rede de corrupção. Paulo Melo (MDB) é também é investigado na ação

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Por Rodrigo Sampaio
Atualização:

A força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro ofereceu nova denúncia nesta segunda-feira, 22, contra o empresário Mário Peixoto e outras 9 pessoas por crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no âmbito das operações Cadeia Velha, Quinto do Ouro e Favorito. De acordo com a Procuradoria, o empresário usou uma rede de laranjas para ocultar o recebimento e pagamento de vantagens de mais de R$ 18 milhões. Na sexta-feira, o empresário havia sido denunciado por lavagem de dinheiro, pertinência a organização criminosa e obstrução à investigação ao operar um esquema que desviou R$ 500 milhões de reais da saúde no Rio de Janeiro por meio de desvios de recursos de contratos do estado com organizações sociais.

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Além de Peixoto, também foram denunciados o ex-deputado estadual Paulo Melo, Arthur Soares, Vinícius Peixoto, Alessandro de Araújo Duarte, Marcos Guilherme Rodrigues Borges, Iury Melo, Eduardo Pinto Veiga, Fábio Cardoso do Nascimento e Aguido Henrique Almeida da Costa. Eles atuaram para ajudar a ocultar pagamentos e origem dos valores. 

De acordo com a denúncia, Mário Peixoto e Arthur Soares, conhecido como Rei Arthur, compraram, em 2015, um apartamento para Paulo Melo em Miami, no valor de US$ 1 milhão, utilizando uma offshore do empresário para ocultar o pagamento e a verdadeira propriedade do imóvel. Arthur Soares é foragido e foi denunciado pela participação na compra de votos para o Rio de Janeiro sediar a Olimpíada de 2016. O Ministério Público pediu a decretação de nova prisão preventiva do empresário por persistência de novas práticas criminosas. O mandado foi expedido pela Justiça Federal e será solicitada cooperação internacional com os EUA para cumprimento, bem como a inclusão do nome do empresário na difusão vermelha da Interpol.

Ainda de acordo com a Procuradoria, um esquema semelhante foi usado em 2014 para compra da Fazenda Alvorada, no Pará. A aquisição, no valor de R$ 11,2 milhões, foi realizada pela MV Gestão e Consultoria de Ativos Empresariais e Participações Ltda., de Mário Peixoto. Na época da compra, a MV e a Vento Sul Empreendimentos Imobiliários Eireli, de Paulo Melo, se tornaram sócias da MM Agropecuária. Anotações encontradas em busca e apreensão realizada na casa de Fábio Cardoso, operador financeiro do ex-deputado, comprovam que o real proprietário da fazenda é o ex-deputado, cujos negócios se misturam com os de Mário Peixoto.

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As investigações revelaram, ainda, que Peixoto e Paulo Melo realizaram uma série de transações fictícias de compra e venda de gado para ocultar o pagamento de vantagens indevidas de R$ 1,5 milhão. As transações partiram da empresa Mauá Agropecuárias Reunidas Ltda, pertencente ao ex-deputado, diretamente para Mário Peixoto ou empresas ligadas a ele, como a Atrio-Rio Service Tecnologia e Serviços Ltda.

"Com efeito, as investigações conduzidas pelo Polícia Federal, Ministério Público Federal e Receita Federal demonstraram uma complexa e sofisticada rede de lavagem de capitais, onde dezenas de interpostas pessoas se revezavam à frente de pessoas jurídicas com o intuito de ocultar a figura do capo da organização criminosa: Mário Peixoto", diz a denúncia. 

Segundo o Ministério Público, Vinícius Peixoto, filho de Mário Peixoto, é uma das pessoas que atuavam na lavagem de ativos, e estava em prisão domiciliar devido a suspeita de covid-19. Com a denúncia e passado o período de recuperação, o MPF pediu a decretação da prisão preventiva e o mandado foi cumprido na manhã de hoje.

COM A PALAVRA, OS DENUNCIADOS

A reportagem busca contato com os denunciados. O espaço está aberto para manifestação. (rodrigo.sampaio@estadao.com)

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