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Lava Jato denuncia ex-secretário de Justiça de Temer e mais dez por lavagem de R$ 3 mi com posto de gasolina

Astério Pereira, principal alvo da Operação Titereiro desencadeada em março, é acusado de lavar valores que sua empresa, fornecedora de alimentos da Secretaria de Administração Penitenciária do Rio, recebeu do Fundo do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RJ), em razão de propinas pagas a conselheiros da Corte

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Por Pepita Ortega
Atualização:

O ex-secretário Nacional de Justiça, Astério Pereira dos Santos, durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado sobre a chacina ocorrida na fazenda Santa Lúcia, no Pará. Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O Ministério Público Federal denunciou o ex-secretário nacional de Justiça (governo Temer) e ex-secretário de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (gestão Rosinha Garotinho), Astério Pereira, pela lavagem de R$ 3.098.774,60 que sua empresa - fornecedora de alimentos da Seap - recebeu do Fundo do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RJ), em razão de propinas pagas a conselheiros da Corte. Segundo a Procuradoria, o montante foi 'lavado' por meio da compra fictícia de combustível do Posto Chacrinha, que tinha entre seus sócios o filho e o sobrinho de Astério.

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A DENÚNCIA

A acusação atinge mais dez pessoas: o sócio de Astério, Carlson Ruy, Danilo Botelho dos Santos, Pedro Navarro César, Vinícius da Silva Ferreira, Josemar Pereira, Marcelo da Silva Pereira, Thiago Bustamante Fontoura, Adilson Coelho de Souza Filho e Adenor Batista Júnior. Além da condenação por lavagem de dinheiro, a Procuradoria pede à Justiça que os denunciados paguem mais de R$ 9,1 milhões por danos materiais e morais.

A denúncia é resultado das operações Pão Nosso, Descontrole e Titereiro. Esta última foi deflagrada em março e prendeu Astério. Na ocasião, ele e outras 14 pessoas foram denunciadas por esquema de propinas a conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro para beneficiarem as empresas Denjud e JB Alimentação em contratos com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).

Na peça assinada no último dia 30 e divulgada pela Procuradoria nesta quarta, 8, a força tarefa da Lava Jato no Rio indica que por causa das propinas pagas aos Conselheiros do TCE, a empresa Denjud/Singular, de Astério e Carlson, recebeu o valor de R$ 9.457.295,24 do Fundo do TCE.

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De acordo com os procuradores, os denunciados lavaram os ativos por meio da compra fictícia de combustível pela Denjud/Singular do Posto Chacrinha. Entre os anos de 2005 e 2013, foram identificadas 104 transferências bancárias em valores redondos, 'o que dificilmente ocorreria numa compra ordinária de combustível', registra a denúncia.

O Ministério Público Federal considerou que os valores repassados pela Denjud ao posto chacrinha é desproporcional em relação aos veículos de propriedade da empresa. Em 2005, a companhia possuía dois veículos - um carro de passeio e uma caminhonete - e comprou R$ 653,8 mil em combustível.

"Se cada veículo tiver gasto metade desse valor (ou seja, R$ 326.900,00), considerando o valor do litro do combustível à época a R$3,00 e considerando que o veículo tivesse feito uma média de 10Km/L, ele teria rodado o incrível marca de 1.089.666,67 Km em apenas 1 ano! Com essa quilometragem, seria possível dar mais de 27 voltas em torno da Terra, pela circunferência equatorial", afirmaram os procuradores na denúncia.

Em nota, o MPF do Rio indicou que as investigações apontaram que Astério chefiava o esquema e usava a estrutura da Seap para beneficiar a empresa em contratações firmadas com essa secretaria, além de organizar o recolhimento da propina. A Procuradoria registrou ainda que o ex-secretário 'contava com uma sofisticada rede cruzada de parentes e funcionários, também denunciados, na sociedade das duas empresas'.

Segundo a Lava Jato, o Posto Chacrinha tinha como como sócios Danilo Botelho (filho de Astério), Thiago Bustamante (sobrinho de Astério), Vinícius Ferreira (filho de Carlson, sócio de Astério), e Josemar Pereira, Marcelo da Silva Pereira (apontados pelo MPF como 'pessoas usadas por Carlson para práticas ilícitas').

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"Todas essas interligações revelam uma parcela da complexa rede formada por esse grupo criminoso para distanciar as pessoas jurídicas de seus efetivos donos (Carlson Ruy e Astério Pereira), além de permitir a ocultação e a lavagem de bens", registra a denúncia.

COM A PALAVRA, OS DENUNCIADOS

A reportagem busca contato com os denunciados pela Lava Jato no Rio. O espaço está aberto para manifestações.

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