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Lava Jato cobra de Palocci, Odebrecht e mais treze R$ 500 milhões para a Petrobrás

Valor da indenização é o dobro da propina identificada pela Lava Jato que a empreiteira teria pago para ser favorecida pelo ex-ministro em licitação de sondas do pré-sal

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Por Mateus Coutinho , Julia Affonso , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

Marcelo Odebrecht e Antonio Palocci. Foto: Estadão e Reuters

Ao denunciar o ex-ministro Antonio Palocci, o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht e outros 13 investigados por corrupção e lavagem de dinheiro, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba pediu que os denunciados paguem à Petrobrás R$ 505 milhões que teriam sido desviados por meio de fraudes na contratação de um estaleiro da Odebrecht para a construção de sondas do pré-sal.

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O valor da indenização pedida pelos procuradores equivale ao dobro da propina que a Lava Jato identificou que teria sido paga para favorecer o estaleiro Enseada do Paraguaçu (pertencente à Odebrecht) na licitação das sondas do pré-sal pela Sete Brasil, empresa de economia mista e na qual teria sido replicado o esquema de corrupção existente na Petrobrás.

O estaleiro acabou ficando responsável pela construção de 6 sondas graças a propinas que, segundo a Lava Jato, eram de 0,9% do valor dos contratos, somando R$ 252 milhões. Esse acerto, segundo a denúncia, teria ocorrido graças a atuação de Palocci, apontado como o responsável por intermediar os interesses da Odebrecht junto ao governo federal.

Palocci "interferiu para que o edital de licitação lançado pela estatal petrolífera e destinado à contratação de 21 sondas fosse formulado e publicado de forma a garantir que o grupo não apenas obtivesse os contratos com a Petrobrás, mas que também firmasse tais contratos com a margem de lucro pretendida", afirma a Procuradoria da República.

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Os procuradores aponta que o ex-ministro teria até "consultado Marcelo Odebrecht antes da publicação do edital para se certificar se a licitação efetivamente se adequaria aos interesses da empreiteira".

Segundo a Lava Jato, o ex-ministro, atualmente preso por ordem do juiz Sérgio Moro, teria atuado em favor da empreiteira de 2006 a 2015 "no exercício dos cargos de deputado federal, ministro da Casa Civil (governo Dilma) e membro do Conselho de Administração da Petrobrás".

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA JOSÉ ROBERTO BATOCHIO, DEFENSOR DE ANTONIO PALOCCI: O advogado José Roberto Batochio, que defende Antonio Palocci, reagiu com indignação à denúncia do Ministério Público Federal.

"É uma acusação monstruosa, absolutamente divorciada de qualquer elemento indiciário arrecadado nos autos."

"O único elemento considerado pela denúncia é um papelucho tratado como 'planilha' sob a rubrica de 'Italiano'. Os acusadores já apontaram esse 'Italiano' como sendo Fernando Migliáccio, depois Guido Mantega, depois um engenheiro italiano e, agora, na quarta tentativa, querem atribuir este apelido a Palocci."

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"Puro artificialismo. O que temos é um apelido em busca de um personagem. Demonstrado que 'Italiano' não é Palocci, quem será a quinta vítima?"

"Nem tomei conhecimento da denúncia, mas eu esperava que, diante da anemia do inquérito (da Polícia Federal), o Ministério Público Federal o arquivasse."

"Aliás, a Polícia Federal não encontrou sequer suspeita de lavagem de dinheiro, conforme o seu relatório, mas o Ministério Público Federal, mais realista que o rei, resolveu criar mais esta acusação."

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