Ricardo Brandt, Pedro Prata e Fausto Macedo
14 de outubro de 2019 | 18h52
Em meio à intensa ofensiva de quem vê na operação abusos e ilegalidades, a Lava Jato não dá trégua. Nesta segunda, 14, a força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná denunciou cinco executivos da Jaraguá Equipamentos Industriais S.A – Álvaro Bernardes Garcia, Nasareno das Neves, Ricardo Pinto Korps, Wagner Othero e Cristian Jaty Silva – pela suposta prática de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Também foram denunciados Márcio Andrade Bonilho e Waldomiro de Oliveira pelo crime de lavagem de ativos.
Segundo os procuradores da Lava Jato, os executivos da Jaraguá Equipamentos prometeram pagamento de propina ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa – primeiro delator da Lava Jato – relativo a quatro contratos para obras na Refinaria de Abreu e Lima (Rnest), da petrolífera, cujos valores iniciais totalizavam em conjunto R$ 400.440.776,38.
A Procuradoria sustenta que pelo menos R$ 5.854.200,04 foram repassados pela Jaraguá Equipamentos, ‘mediante sucessivas operações de lavagem de dinheiro’, a título de pagamento das propinas.
Paulo Roberto Costa era diretor de abastecimento da Petrobrás. Foto: Marcelo Tasso/Estadão
Os valores ilícitos foram repassados de forma dissimulada pela Jaraguá Equipamentos de duas formas, afirma o Ministério Público Federal:
Segundo revelado pelos próprios envolvidos, as doações eleitorais aos integrantes do PP, responsáveis por manter Paulo Roberto Costa na posição de diretor da Petrobrás, foram feitas após a contratação da Jaraguá Equipamentos na Rnest.
O doleiro Alberto Youssef – segundo delator da Lava Jato – ‘foi o responsável por definir os candidatos e valores a serem doados em favor do PP, o que foi acatado pelos executivos da Jaraguá Equipamentos denunciados’.
A Procuradoria destaca que por tais crimes os ex-deputados federais do PP João Alberto Pizzolatti Junior, Mário Silvio Mendes Negromonte e Luiz Fernando Ramos Faria já foram denunciados perante o Supremo Tribunal Federal. A acusação foi recebida e, na sequência, declinada para a 13.ª Vara Federal em Curitiba, onde tramita sob o nº 5040308-29.2019.4.04.7000.
Deputados do PP beneficiados pela doação eleitoral da Jaraguá Equipamentos Industriais. Foto: MPF/Reprodução
A força-tarefa Lava Jato também já propôs ação de improbidade administrativa contra os ex-parlamentares, ‘por esses e outros fatos’ – a ação tramita perante a 1.ª Vara Federal de Curitiba sob o nº 5012249-02.2017.4.04.7000.
“Desde 2014 a força-tarefa Lava Jato vem se dedicando a responsabilizar todos aqueles que jogaram o jogo sujo da corrupção na Petrobrás”, afirma o procurador Roberson Pozzobon.
Segundo ele, ‘nesse caso, as investigações revelaram que um sócio e altos executivos da Jaraguá Equipamentos, não integrante do cartel de empreiteiras que loteava as obras da Petrobrás, pagaram mais de R$ 5 milhões em propinas no âmbito de contratos que superam o valor de R$ 400 milhões com a estatal.
Essa é a vigésima ação penal oferecida pela Lava Jato em Curitiba em 2019. “Ainda há muito trabalho pela frente”, disse Pozzobon.
A reportagem busca contato com a defesa da Jaraguá Equipamentos e seus executivos. O espaço está aberto para manifestação.
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