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Lava Jato acha pagamentos de operadores do PMDB na Suíça e nas Bahamas

Procuradoria da República, em Curitiba, afirma que Jorge Luz e Bruno Luz, alvos da Operação Blackout, usaram contas de empresas offshores no exterior para pagar propina 'de forma dissimulada'

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Por Julia Affonso , Ricardo Brandt , Fausto Macedo e Mateus Coutinho
Atualização:
Sede da Procuradoria da República no Paraná, em Curitiba. Foto: Mateus Coutinho/Estadão

Jorge Luz e Bruno Luz, pai e filho respectivamente, são investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, 'suspeitos de intermediar propina de forma profissional e reiterada na diretoria Internacional da Petrobrás, com atuação também nas diretorias de Serviço e Abastecimento da estatal'. O cumprimento dos mandados está sendo realizado no estado do Rio de Janeiro.

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A força-tarefa da Lava Jato pediu ao juiz Sérgio Moro a prisão dos lobistas Jorge e Bruno Luz por identificar que eles deixaram o Brasil e que possuem dupla nacionalidade.  Ambos estão nos EUA e já tiveram seus nomes incluídos na difusão vermelha da Interpol. Um deles deixou o Brasil em agosto do ano passado e outro em janeiro deste ano.

"As prisões foram decretadas para garantia de ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal, tendo em conta a notícia que os investigados se evadiram recentemente para o exterior, possuindo inclusive dupla nacionalidade", afirmou o procurador da República Diogo Castor de Mattos.

A Operação Blackout ocorre dois dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) livrar das mãos do juiz federal Sérgio Moro o ex-presidente José Sarney, cacique do PMDB.

Os pedidos protocolados pela força-tarefa em Curitiba tiveram como base principal os depoimentos de colaborações premiadas reforçados pela apresentação de informações documentais, além de provas levantadas por intermédio de cooperação jurídica internacional.

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De acordo com a Procuradoria da República, os dois alvos das prisões são suspeitos de utilizar contas no exterior para fazer repasse de propinas a agentes públicos. Entre os contratos da diretoria Internacional, os alvos são suspeitos de intermediar propinas na compra dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000; na operação do navio sonda Vitoria 10.000 e na venda, pela Petrobras, da Transener para a empresa Eletroengenharia.

A força-tarefa afirma ainda que 'esporadicamente' os investigados atuavam também em outras diretorias da Petrobrás. Na área de Abastecimento, as investigações identificaram a participação de Jorge Luz e Bruno Luz na intermediação de propinas no contrato de aluguel do terminal de tancagem celebrado entre a Petrobrás e a empresa Trafigura, e no contrato de fornecimento de asfalto com a empresa Sargent Marine.

Também foi identificada atuação dos investigados no pagamento de propinas para Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços, decorrente de contratos celebrados com a empresa Sete Brasil para exploração do pré-sal.

Na decisão em autoriza a deflagração desta fase, o juiz federal Sérgio Moro destacou que "o caráter serial dos crimes, com intermediação reiterada de pagamento de vantagem indevida a diversos agentes públicos, pelo menos dois diretores e dois gerentes da Petrobrás, em pelo menos cinco contratos diferentes da Petrobrás, aliada à duração da prática delitiva por anos e a sofisticação das condutas delitivas, com utilização de contas secretas em nome de off-shores no exterior (cinco já identificadas, sendo quatro comprovadamente utilizadas para repasses de propinas), é indicativo de atuação criminal profissional".

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