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Lava Jato 54 vai a Lisboa, faz buscas e mira propinas e fraudes em contrato de US$ 850 mi

Autoridades de Portugal, em parceria com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, cumpriram cinco mandados em endereços ligados a Mário Ildeu de Miranda, apontado como operador financeiro

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Por Julia Affonso , Fausto Macedo , Ricardo Brandt e Luiz Vassallo
Atualização:

 Foto: Divulgação/Agência Brasil

A Operação Lava Jato abriu nesta terça-feira, 25, sua fase 54 em Portugal, a segunda etapa realizada no exterior. Autoridades de Portugal, em parceria com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, cumpriram cinco mandados de busca e apreensa?o em enderec?os de Lisboa, ligados a Mário Ildeu de Miranda, apontado como operador financeiro.

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Mário Ildeu de Miranda já havia sido alvo da 51ª fase da Lava Jato, deflagrada em 8 de maio. Na ocasião, as investigac?o?es apontaram pagamento de propina superior a US$ 56,5 milho?es entre 2010 e 2012, relacionados a? obtenc?a?o fraudulenta de contrato de mais de US$ 850 milhões firmado em 2010 entre a Petrobrás e a Construtora Norberto Odebrecht.

A Lava Jato internacional mobiliza policiais da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária de Portugal, Procuradores da República de Portugal e Juízo de Instrução de Portugal, para a execução dos mandados em domicílios e em empresas.

Todo o material arrecadado será objeto de compartilhamento para instrução de procedimentos criminais em curso no Brasil, especificamente em desdobramentos da Lava Jato em curso na Justiça Federal do Paraná.

Em nota, o Ministério Público Federal informou que parte dos pagamentos de vantagens indevidas foi realizado mediante estratégias de ocultação e dissimulação, contando com a atuação do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o departamento de propinas da empreiteira. Segundo os procuradores, houve 'participação decisiva de Mário Ildeu de Miranda para que os recursos, na ordem de pelo menos US$ 11,5 milhões, chegassem a contas secretas mantidas no exterior por funcionários corrompidos da Petrobrás'. Parte desses fatos foram denunciados em 8 de junho de 2018, estando a ação penal ainda em curso perante a 13ª Vara Federal de Curitiba.

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A Procuradoria aponta que a fase 51 da Lava Jato não cumpriu o mandado de prisão preventiva de Mário Ildeu de Miranda, porque o operador havia deixado o País, na véspera, com destino a Portugal. De acordo com os investigadores, Mário Ildeu de Miranda 'evadiu-se de sua residência portando quatro grandes malas de viagem e seus dispositivos eletrônicos'.

"Em 14 de maio de 2018, o investigado se apresentou às autoridades brasileiras, porém, sem as malas e dispositivos pessoais que levara ao exterior", relatou o Ministério Público Federal.

"As buscas nos endereços de Mario Ildeu de Miranda, realizadas nesta data em Lisboa, têm por objetivo apreender os documentos e dispositivos eletrônicos que possam estar escondidos naquele país, além de identificar provas de outros crimes, ainda não denunciados, para a continuidade das investigações. Miranda pagou fiança de R$ 10 milhões e responde ao processo em liberdade."

Cooperação internacional na Lava Jato

A força-tarefa da Lava Jato informou que obteve autorização judicial perante a 13ª Vara Federal de Curitiba para formalizar pedido de cooperação internacional à República Portuguesa. Com o auxílio da Secretaria de Cooperação Internacional (SCI) da Procuradoria-Geral da República, em menos de quatro meses desde o envio do pedido, o Ministério Público de Portugal, com autorização judicial, cumpriu os mandados de busca e apreensão requeridos pelo Ministério Público Federal.

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O procurador da Repu?blica Júlio Noronha, integrante da forc?a-tarefa Lava Jato em Curitiba e que acompanhou as buscas em Lisboa, afirma que 'a realização desta operação consolida uma nova perspectiva das investigações'

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"Vamos atrás das provas onde elas estiverem. As fronteiras nacionais não impedem as investigações. Como as medidas cumpridas evidenciam, a realidade é que o Ministério Público Federal, com o auxílio de autoridades estrangeiras, hoje busca não apenas bens e valores mantidos no exterior, mas provas dos crimes cometidos no Brasil", afirmou.

As medidas cumpridas hoje em Portugal correspondem à segunda fase internacional da Operação Lava Jato. A primeira fase realizada no exterior, também em Lisboa, Portugal, ocorreu em 21 de março de 2016, e teve como alvo o operador financeiro Raul Schmidt Felippe Junior.

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