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Lava Jato 79 investiga lavagem de R$ 12 milhões em propinas na Transpetro e põe PF atrás de 100 obras de arte de filho de Lobão

Operação Vernissage cumpre 11 mandados de busca e apreensão em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Maranhão; ofensiva mira filhos do ex-senador Edison Lobão

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Por Pepita Ortega
Atualização:

Helicóptero apreendido na Lava Jato 79. Foto: Polícia Federal

A Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Receita Federal deflagraram na manhã desta terça, 12, a 79ª Fase da Operação Lava Jato, batizada 'Vernissage', para investigar crimes de corrupção, fraudes licitatórias, organização criminosa e lavagem de dinheiro envolvendo um grupo que pegou propinas de mais de R$ 12 milhões no âmbito de contratos celebrados com a Transpetro. Segundo a PF, as vantagens indevidas foram lavadas por meio da aquisição de imóveis e obras de arte.

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A Procuradoria no Paraná indicou ainda que a ofensiva é um desdobramento da fase 65 da Lava Jato, a Operação Galeria, que mirou Edison Lobão, ex-senador e ex-ministro de Minas e Energia (governos Lula e Dilma). A ofensiva aberta nesta manhã mira dois filhos do ex-senador, Edison Filho e Márcio. Este último já é réu na Lava Jato por corrupção e lavagem.

Ainda segundo o Ministério Público Federal, um dos objetivos da operação é apreender de mais de cem obras de arte ligadas a Márcio. As peças foram reveladas pelo Estadão em novembro de 2019.

Cerca de 70 policiais federais e 10 auditores da Receita Federal cumprem 11 mandados de busca e apreensão em Brasília (2), São Luis do Maranhão (3), Angra dos Reis (1), Rio de Janeiro (3) e em São Paulo (2).

Em um imóvel ligado a Edison Lobão Filho, em São Luís, os agentes apreenderam um helicóptero. Entre os demais alvos das buscas estão endereços de uma galeria de arte e de seu sócio administrador. As ordens foram expedidas pela 13ª Vara Federal em Curitiba.

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A Polícia Federal informou que, durante as investigações da Lava Jato, foi identificada uma organização criminosa voltada a fraudar licitações mediante o pagamento de propina a altos executivos da Petrobrás, bem como a outras empresas a ela relacionadas, como a Transpetro. Segundo os investigadores, o ex-diretor da estatal Sérgio Machado (2003-2014) foi indicação política no esquema criminoso que dividia os altos cargos da Petrobrás e subsidiárias.

"Suspeita-se que os contratos celebrados pela Transpetro com algumas empresas teriam gerado, entre os anos de 2008 e 2014, o pagamento de mais de R$12 milhões em propinas pagos a este grupo criminoso", registrou a PF em nota.

A corporação indica que após o recebimento dos valores, eram realizadas várias operações de lavagem de capitais, especialmente, a aquisição de obras de arte e transações imobiliárias.

A PF cita como exemplo a compra de um apartamento de alto padrão por R$ 1 milhão em 2007, pago em espécie por intermédio de empresa dos investigados e vendido por R$ 3 milhões, em menos de dois anos, valorização não correspondente às condições do mercado imobiliário da época.

"No caso das obras de arte, tais operações consistiam na aquisição de peças de valor expressivo com a realização de pagamento de quantias 'por fora', de modo que não ficassem registrados os reais valores das obras negociadas. Neste caso, tanto o comprador, quanto o vendedor emitiam notas fiscais e recibos, mas declaravam à Receita Federal valores flagrantemente menores do que aqueles efetivamente praticados nas transações", explicou a PF.

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De acordo com os investigadores, entre valores declarados à Receita Federal e os de mercado, praticados nos leilões em Galeria de Arte, verificaram-se diferenças de 167% a 529%.

Lava Jato 79. Foto: Polícia Federal

COM A PALAVRA, A TRANSPETRO

A Transpetro, desde o princípio das investigações, colabora com o Ministério Público Federal e encaminha todas as informações pertinentes aos órgãos competentes. A companhia reitera que é vítima nestes processos e presta todo apoio necessário às investigações da Operação Lava Jato.

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