PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Lava Jato 75 mira propinas em contratos de navios lançadores de linha da Petrobrás

Operação Boeman cumpre 25 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Sergipe e tem como base delação que revelou supostos crimes de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro durante o processo bilionário de contratação pela Petrobrás do fornecimento de navios lançadores de linha 

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Atualizado às 18h43*

 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

PUBLICIDADE

A Polícia Federal deflagrou nesta manhã desta quarta, 23, a 75ª fase da Operação Lava Jato, denominada Boeman, para aprofundar investigações sobre supostos crimes corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo contratos firmados por empresas do Grupo Seadrill com a Petrobrás para o fornecimento de três navios lançadores de linha (PLSV) - embarcações que lançam linhas flexíveis no mar para fazer a conexão entre plataformas a sistemas de produção. Os contratos de construção e o posterior uso em regime de afretamento por oito anos, vigentes até os dias atuais, totalizaram US$ 2,7 bilhões, indica o Ministério Público Federal.

Cerca de 50 agentes cumprem 25 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Sergipe. As ordens foram expedidas pelo juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, que ainda decretou o bloqueio de valores dos investigados.

Segundo a Polícia Federal, a operação tem como base a delação de lobistas que atuavam junto a funcionários da Petrobrás e agentes políticos com influência na estatal.

Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato apontaram que foram encontrados indícios de que a Sapura no Brasil - empresa do Grupo Seadrill que fechou contratos com a Diretoria de Exploração e Produção da Petrobrás em 2011 - contratou intermediários e operadores financeiros que, mediante o pagamento de propina de 1,5% do valor dos contratos, eram responsáveis por viabilizar a inclusão da empresa em licitação da estatal e obter informações privilegiadas de dentro da petroleira.

Publicidade

De acordo com o Ministério Público Federal, os valores repassados aos operadores financeiros circularam por offshores, sendo que foram identificadas contas controladas pelos investigados em, pelo menos, seis países diferentes.

Além disso, a Procuradoria identificou que os operadores financeiros envolvidos, após receberem seus pagamentos em contas no exterior, transferiram parte dos valores a dois altos executivos da Sapura, um então vinculado à Sapura no Brasil e outro à Sapura Energy, sediada na Malásia.  

Os investigadores suspeitam ainda que a atuação ilícita dos investigados tenha também outros contratos da Petrobrás, também em favor dos interesses do Grupo Seadrill. 

Segundo a Polícia Federal, em paralelo às apurações, os investigadores receberam informações de que autoridades holandesas também conduziam investigações relacionadas a 'ilicitudes perpetradas para o fornecimento dos navios lançadores de linha (PLSV)'. O MPF indicou que as medidas executadas nesta manhã também se dão em cumprimento a pedidos de cooperação jurídica internacional.

As investigações tiveram como base a análise de documentos apreendidos em fases anteriores, extratos bancários de contas sediadas no exterior e trocas de e-mails entre os investigados, informou ainda a Procuradoria.

Publicidade

A ofensiva, de acordo com a PF, busca 'fazer cessar a atividade delitiva, aprofundar o rastreamento dos recursos de origem criminosa (propina) e a conclusão da investigação policial em todas as suas circunstâncias, inclusive com autorização para compartilhamento dos seus resultados com as autoridades da Holanda'.

A corporação indicou que a investigação foi batizada de Boeman em referência 'à criatura mítica da Holanda popularmente conhecida como "bicho-papão"'.

COM A PALAVRA, O GRUPO SEADRILL

A Seadrill Limited confirma que a Polícia Federal cumpriu hoje um mandado de busca e apreensão na sede de sua subsidiária Seadrill Serviços de Petroleo Ltda, como parte da mais recente fase da operação Lava Jato. A empresa está cooperando plenamente com as investigações em andamento.

COM A PALAVRA, A SAPURA

Publicidade

Os fatos noticiados são inverídicos e baseados apenas em alegações de delatores sem qualquer corroboração de provas. A Sapura, empresa da qual Mauricio Carvalho foi representante legal, é uma empresa idônea e amplamente capacitada a performar o contrato. A prova é que ele segue em plena vigência. A lisura e a competitividade do processo licitatório podem ser constatadas pela presença de mais de 12 empresas convidadas. Acrescente-se que os contratos foram celebrados pela Diretoria de Exploração e Produção da Petrobras, jamais envolvida na Operação Lava-Jato, e submetidos aos mais rigorosos procedimentos de fiscalização e compliance.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.