O delegado de Polícia Federal João Luiz Moraes Rosa, responsável pela investigação sobre supostos desvios no trecho Norte do Rodoanel, manifestou-se pela soltura de todos os investigados no mesmo dia em que o Ministério Público Federal pediu a decretação de prisão preventiva do ex-diretor de Engenharia da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) Pedro da Silva e de Laurence Casagrande Lourenço, ex-presidente da empresa e ex-secretário de Logística e Transportes do governo Alckmin.
Ao Superior Tribunal de Justiça, onde tenta por meio de habeas corpus, a revogação do decreto de preventiva contra Laurence, a defesa juntou o documento da PF para reforçar a tese da desnecessidade da prisão.
Laurence está preso desde 21 de junho, primeiro em regime temporário, depois preventivamente, modelo de custódia que não tem prazo para expirar.
A juíza federal Maria Isabel do Prado, da 5.ª Vara Criminal em São Paulo, titular da Operação Pedra no Caminho cita o posicionamento da PF na decisão em que sacramentou a preventiva dos investigados.
No caso de Laurence, a juíza aceitou os argumentos do Ministério Público Federal sustentados em e-mails encontrados pela PF em que o ex-secretário pede para uma funcionária 'destruir' documentos de uma reunião.
O criminalista Eduardo Carnelós, que defende Laurence, informou que os documentos são antigos e não têm nenhuma relação com a investigação sobre supostos desvios no Trecho Norte do Rodoanel. Carnelós destaca que a destruição de documentos da Dersa obedece a uma norma interna que prevê a eliminação de documentos de cunho administrativo 'inservíveis'.
Após apreender os e-mails e ouvir os envolvidos, o delegado João Luiz Moraes Rosa entendeu por não solicitar a transformação da temporária em preventiva.
"Decorridos 9 (nove) dias desde a deflagração da Operação Policial, reputo ultimadas todas as diligências mais sensíveis e para as quais se mostrava imprescindível a custódia cautelar dos investigados, não havendo mais interesse deste signatário na manutenção da medida. Portanto, como o prazo de vencimento das prisões temporárias esgota-se no próximo dia 30/6/2018 e considerando circunstância ora informada, é o presente para submeter à apreciação de Vossa Excelência a continuidade da custódia cautelar dos investigados", diz o ofício encaminhado à juíza pelo delegado.
No ofício, Moraes Rosa afirma também que nos dias seguintes à deflagração da operação, em 21 de junho, foram realizadas diversas diligências que resultaram em cerca de 1,1 mil folhas juntadas ao inquérito policial.
O advogado Eduardo Carnelós se vale da posição da PF no pedido ao Superior Tribunal de Justiça em que tentar livrar Laurence Casagrande da preventiva.
Para o defensor, o MPF pediu a preventiva com base no termo de entrevista de uma funcionária da Dersa tomado por um agente no dia da realização das busca e apreensão pela Operação Pedra no Caminho.
A versão dada no dia da operação sobre o pedido de triturar documentos, diz Carnelós, foi explicada em depoimento posterior da funcionária.
Em seu pedido, o advogado anexa informação da Dersa de que faz parte das normas internas da estatal e do Código de Ética da companhia o descarte de documentos somente depois de triturados.