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Lata de alumínio: 30 anos de economia circular

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Por Cátilo Cândido
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Cátilo Cândido. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Poucos produtos no mundo são facilmente reconhecidos por sua sustentabilidade, praticidade e estilo como a lata de alumínio para bebidas. A embalagem mais reciclada do planeta, que modificou hábitos e introduziu conceitos hoje fundamentais para a economia circular, completa 30 anos de fabricação no Brasil com resultados que chegam ao ouvido do consumidor consciente. No ano passado, o som da abertura de uma lata de alumínio - um dos ruídos mais conhecidos do mundo - foi ouvido cerca de 800 vezes por segundo no país.

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Quando chegou ao mercado, produzida na primeira fábrica instalada em Pouso Alegre (MG), foi disputada por cervejarias que queriam ser as primeiras no país a utilizar a novidade, envasar na embalagem que já fazia sucesso no exterior. Coube à Skol a primazia no lançamento, em um mercado praticamente exclusivo das garrafas de vidro. Hoje, 30 anos depois, a lata envasa mais da metade da cerveja produzida no país.

A lata alterou comportamentos. Em 1989 era parte da rotina do consumidor levar engradados de garrafas ao supermercado para poder adquirir novas bebidas. Os estabelecimentos foram aos poucos dando outras destinações a estes espaços reservados a estoque de bebidas e vasilhames. O consumidor e o planeta agradecem.

A lata se comunica diretamente com o público-alvo dos fabricantes de bebidas. Passou a fazer parte da vida dos brasileiros, oferecendo segurança para o consumidor (não quebra) e para a bebida (protege o sabor ao evitar a entrada de luz e ar). Trouxe comodidade no transporte, rapidez na refrigeração da bebida. Agregou estilo ao consumo com formatos elegantes. Incluiu descontração com seus rótulos coloridos para eventos.

Além disso, acrescentou algo na nossa rotina que acabou influenciando um tema muito maior: a preocupação com o consumo circular. Passou a ser símbolo de reciclagem, um termo que engatinhava em 1989, quando a primeira lata saiu da fábrica de Pouso Alegre, Minas Gerais. É líder de reciclagem desde então, estimulando outras embalagens a seguir a linha desejada pelo consumidor consciente, que tenta reduzir sua pegada ambiental. Hoje, no Brasil, chegamos a 97,3% de latas recicladas. Isso tudo num período de em média 90 dias. Sim, a latinha que está na sua mão agora poderá no Carnaval estar de volta em outra prateleira pelo país.

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E por falar de história, também lá no início dos anos 90, junto conosco, surgiram as primeiras cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Estimulados pelo valor da sucata de alumínio, passaram a coletar outros resíduos, dando origem a um mercado que hoje gera renda para milhares de brasileiros. Além dos empregos diretos da indústria de latas de alumínio, estima-se que a embalagem sozinha garantiria a renda de cerca de 1 milhão de pessoas. O padrão de logística reversa da lata serviu de modelo para a formulação da Política Nacional de Logística Reversa (PNRS), que orienta a coleta seletiva no país e tenta estimular o reaproveitamento de resíduos descartados.

Isto significa um ciclo de vida com menor emissão de gases de efeito estufa em relação a outras embalagens. A produção de uma lata com material reciclado reduz em 95% a emissão de CO2 e de energia, em relação à lata produzida a partir do alumínio primário. Cada quilo de lata reciclada economiza cinco de bauxita, minério utilizado para produção do chapa de alumínio. São questões que estão cada vez mais na lista de compra do consumidor consciente. A resposta vem em aumento constante da procura pela embalagem. Por ano, cada brasileiro consume, em média, nada menos que 125 latas!

Desde aquela fábrica inicial, projetada para produzir 750 milhões de unidades por ano, o setor investiu cerca de R$ 12 bilhões e comercializou mais de 26 bilhões de latinhas no ano passado. Terceiro maior mercado mundial, perdendo apenas para China e Estados Unidos. Ou seja, a lata de alumínio caiu definitivamente no gosto do consumidor brasileiro. Lata é mais reciclagem, mais inovação, mais sustentabilidade, mais praticidade. No caso da lata de alumínio, mais é menos.

Não é frase feita dizer que o futuro do planeta está em nossas mãos. Afinal, o futuro é o presente reciclado. Abra a sua lata e feliz 30 anos!

*Cátilo Cândido é presidente executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas)

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