O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Claudio Lamachia, disse neste sábado, 20, logo após o pronunciamento de Michel Temer sobre a bomba JBS, que 'sob o ponto de vista ético e moral, é lamentável que a mais alta autoridade do país esteja na situação de precisar explicar sua participação em diálogos inadequados para alguém com suas atribuições e deveres perante a sociedade'.
O empresário Joesley Batista, do Grupo JBS, gravou Michel Temer na noite de 7 de março. No diálogo, segundo a Procuradoria-Geral da República, o presidente deu aval para 'comprar' o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Temer será investigado por três crimes: corrupção passiva, obstrução à investigação de organização criminosa e participação em organização criminosa. A investigação havia sido autorizada pelo ministro Fachin no dia 2 de maio mas estava sob sigilo até esta quinta-feira, 18. Só ganhou publicidade após a Polícia Federal realizar busca e apreensão em diversos locais para trazer mais elementos à investigação contra Temer, Aécio e Rocha Loures na quinta-feira.
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"O Conselho Federal da OAB fará hoje à tarde uma reunião extraordinária para debater as graves suspeitas que pesam contra o presidente da República e que causam indignação e perplexidade.
Sob o ponto de vista ético e moral, é lamentável que a mais alta autoridade do país esteja na situação de precisar explicar sua participação em diálogos inadequados para alguém com suas atribuições e deveres perante a sociedade.
No âmbito jurídico, os conselheiros federais da OAB, legítimos representantes das advogadas e dos advogados brasileiros, estarão avaliando as possibilidades jurídicas e a legalidade da permanência de Michel Temer na Presidência da República.
É triste que, mais uma vez, em tão pouco tempo, o Brasil passe novamente por este processo doloroso. Mas, só assim, caminharemos rumo a dias melhores e livres da corrupção."
CLAUDIO LAMACHIA, presidente nacional da OAB