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Justiça bloqueia R$ 40 mi de grupo por fraudes nos Correios

Operação Postal Off, que prendeu o ex-deputado Índio da Costa nesta sexta, 6, pega contas e bens, inclusive veículos de luxo e duas embarcações de 12 investigados por esquema de corrupção que provocou rombo de R$ 13 milhões na empresa

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Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Fausto Macedo
Por Pepita Ortega e Fausto Macedo
Atualização:

Pacote Correio. Foto: Beto Barata / AE

A Justiça decretou o bloqueio de R$ 40 milhões de 12 investigados no âmbito da Operação Postal Off que prendeu, nesta sexta, 6, o ex-deputado Índio da Costa, ex-vice na chapa de José Serra à Presidência, em 2010. A ordem judicial alcança dinheiro em contas, veículos de luxo e duas embarcações, inclusive um iate avaliado em R$ 3 milhões.

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A Operação Postal Off investiga rombo de R$ 13 milhões nos Correios. Também foi preso o superintendente estadual de Operações dos Correios no Rio, Cléber Isaías Machado.

As prisões e o confisco de R$ 40 milhões dos investigados foram ordenados pela 7.ª Vara Federal de Florianópolis, base da investigação da PF.

Segundo o delegado Christian Luz Barth, da PF em Santa Catarina, as fraudes envolvem empresários e funcionários do alto-escalão dos Correios. No início da operação, nesta sexta, 6, a PF não revelou o nome do ex-deputado Índio da Costa, mas informou que o caso tem 'um elemento político'.

Barth explicou o esquema. "As grandes empresas que necessitam desse serviço de postagem, entrega de faturas, documentos em geral, têm um volume muito grande de correspondências. Elas precisam de empresas que façam a produção, a preparação de postagem e entrega no Correio, para que entre no fluxo postal."

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A PF apurou que o grupo tinha 'várias formas de burlar, às vezes com a ajuda de funcionários dos Correios, e colocava no fluxo postal sem pagamento'.

A investigação foi aberta em novembro de 2018, quando foi identificado o primeiro indício dos crimes praticados pelo grupo, que estendeu suas atividades nos Estados de São Paulo e Rio.

Segundo a PF, a quadrilha contava com a participação de funcionários dos Correios, que faziam com que grandes cargas postais dos clientes da empresa fossem distribuídas no fluxo postal sem faturamento ou com faturamento muito inferior ao real.

De acordo com a PF, um dos principais modos de atuação do grupo era identificar e procurar clientes importantes dos Correios para fazer uma oferta: que eles rompessem seus contratos com a empresa pública e passassem a ter suas encomendas postadas por meio de contratos das empresas do grupo criminoso com a EBCT.

A investigação identificou ainda solicitações e pagamentos de propinas envolvendo empresários, funcionários públicos e agentes políticos, configurando indícios de corrupção passiva e concussão.

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Dados preliminares da PF apontam que o esquema do grupo criminoso causou prejuízo ao menos R$ 13 milhões. O valor se refere apenas às postagens ilícitas já identificadas, 'não computado o prejuízo diário que estava sendo causado pelo grupo investigado', diz a Polícia Federal.

Segundo a PF, os investigados poderão ser indiciados por corrupção passiva e ativa, concussão, estelionato, crimes tributários, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

COM A PALAVRA, OS CORREIOS

"Com relação aos mandados cumpridos pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (6), em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas Gerais, os Correios informam que estão colaborando plenamente com as autoridades. A empresa permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos. Os Correios reafirmam o seu compromisso com a ética, a integridade e a transparência."

COM A PALAVRA, INDIO DA COSTA

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A reportagem tenta contato com a defesa do ex-deputado. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, CLÉBER ISAIAS MACHADO

A reportagem tenta contato com a defesa do superintendente de Operações dos Correios no Rio. O espaço está aberto para manifestação.

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