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Justiça aceita denúncia contra ex-diretor internacional da Petrobrás e lobista do PMDB

O executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal e o doleiro Alberto Youssef também responderão à ação

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Por Redação
Atualização:

Atualizada às 12h

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Por Fábio Fabrini

A Justiça Federal aceitou nesta quarta-feira denúncia contra o ex-diretor Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró e mais três pessoas por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobrás. O ex-diretor responderá a ação penal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Também são alvos da ação o lobista do PMDB Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro;e o executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal, por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. O doleiro Alberto Youssef responderá por lavagem de dinheiro. Camargo e Youssef fizeram acordo de delação premiada e têm colaborado com as investigações. Youssef é réu nas outras ações ajuizadas.

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Nestor Cerveró. Foto: Dida Sampaio/Estadão

A ação é a sexta e última a ser aberta pela Justiça Federal, a partir de denúncias do Ministério Público Federal (MPF) apresentadas desde a semana passada, o que eleva o número de réus da Operação Lava Jato para 39. A maioria é de executivos de empreiteiras.

Conforme denúncia do MPF, o ex-diretor Cerveró e Falcão receberam propina de US$ 40 milhões para viabilizar contratos de navios-sonda para a Petrobrás. Os pagamentos teriam sido feitos por Camargo, representante da empresa contratada, a Fernando Falcão, que atuaria diretamente na Diretoria Internacional, na época dos fatos comandada por Cerveró.

"No presente caso, reuniu o MPF um número significativo de documentos que amparam as afirmações constantes nas denúncias, especialmente o envolvimento direto de Nestor Cerveró nas contratações dos navios-sondas e as dezenas de transações financeiras relatadas pelo criminoso colaborador e que representariam atos de pagamento de propinas e de lavagem de dinheiro", escreveu o juiz Sérgio Moro em seu despacho.

"Relativamente às transferências realizadas com as contas no exterior, consta da denúncia que o criminoso colaborador procedeu à entrega ao MPF dos extratos respectivos que demonstram as transações que teriam sido efetuadas para contas beneficiárias indicadas por Fernando Soares", acrescentou Moro.

O juiz destacou que há possíveis pagamentos de vantagens indevidas a autoridades com foro privilegiado, não incluídos na denúncia. "Não obstante, quanto a estes fatos, tanto o crime de corrupção ativa, quanto o crime de corrupção passiva, são da competência do Supremo Tribunal Federal", explicou, dizendo que todos os elementos probatórios colhidos, especialmente em delações premiadas, foram enviados à corte. "A denúncia ora oferecida não toca, nem minimamente, nesses fatos de competência do Supremo Tribunal Federal."

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O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, disse que seu cliente refuta veementemente as acusações contidas na denúncia. Segundo ele, os elementos colhidos pelo MPF não são suficientes para provar que o ex-diretor recebeu pagamentos indevidos. "Não passa de ilação do Ministério Público", afirmou. Ribeiro disse que vai questionar nos tribunais superiores a competência da Justiça Federal do Paraná para julgar o caso, uma vez que os crimes alegados teriam ocorrido no Rio de Janeiro, onde fica a sede da Petrobrás.

O advogado de Fernando Falcão Soares, Mário de Oliveira Filho, não atendeu às ligações do Estado. A reportagem não localizou as defesas de Youssef e Camargo.

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