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Junta Lobão, Henrique Alves e Eduardo Cunha a gente não pode dizer não, né?, afirma Cerveró

Assista ao depoimento em que Cerveró detalha a polêmica negociação para a compra da refinaria de Manguinhos pela BR Distribuidora

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Foto do author Julia Affonso
Por Gustavo Aguiar , Mateus Coutinho , Ricardo Brandt , Julia Affonso e de Brasília
Atualização:

Edison Lobão, à esquerda, e Eduardo Cunha. Foto: Estadão

Ao detalhar a polêmica compra da refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, pela BR Distribuidora, o ex-diretor da Petrobrás e da BR Distribuidora e delator da Lava Jato Nestor Cerverócontou que a diretoria da BR foi pressionada em 2013 pelo senador Edison Lobão, e os deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves (atualmente ministro do Turismo), todos do PMDB para adquirir a refinaria.

Henrique Eduardo Alves. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Indagado pelos investigadores da Lava Jato o que motivou a pressão dos parlamentares, Cerveró foi direto ao ponto: "por motivo prosaico, de recebimento do negócio, recebimento de propina", afirmou.

O DEPOIMENTO DE CERVERÓ SOBRE A COMPRA DE MANGUINHOS:

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Uma das mais antigas refinarias, Manguinhos foi privatizada em 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso. A argentina YPF assumiu seu controle acionário. Um ano depois, a YPF foi comprada pela Repsol, que em Manguinhos dividiu o controle com o Grupo Peixoto de Castro. Envolta em problemas financeiros, a refinaria foi comprada pelo Grupo Andrade Magro, em 2008 - negócio que envolveu um assessor do ex-ministro José Dirceu, o jornalista Marcelo Sereno.

Já investigado no escândalo Waldomiro Diniz, de contratos da Caixa no primeiro ano de governo Luiz Inácio Lula da Silva, e com o nome citado no mensalão, Sereno entrou com sócio da Grandiflorum Participações, holding criada para controladora de Manguinhos, ligada ao grupo Andrade Magro.

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Cerveró afirma em sua delação premiada que sabe que Eduardo Cunha e Henrique Alves tinham feito algum negócio com um grupo ligado a Marcelo Sereno, e queriam resolver por intermédio da Petrobrás".

COM A PALAVRA, EDUARDO CUNHA:

"Segundo o que está escrito, ele não está delatando e sim falando que ouviu dizer, o que é um verdadeiro absurdo. Desminto com veemência o conteúdo, a forma e acuso a irresponsabilidade de "na base do ouvir dizer ", o fuxico virar um fato incluído em delação."

COM A PALAVRA, O MINISTRO DO TURISMO, HENRIQUE EDUARDO ALVES:

Por meio de nota, via assessoria de imprensa, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, negou envolvimento no caso.

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"Nunca tratei desse assunto em qualquer instância da Administração Pública. Nunca ouvi esse assunto sequer ser tratado por ninguém. Desconheço qualquer assunto igualmente com o sr. Marcelo Sereno. Nunca estive com o deputado Eduardo Cunha na BR Distribuidora."

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COM A PALAVRA, EDISON LOBÃO:

O senador Edison Lobão divulgou nota, por meio de sua defesa.

"A propósito da delação que envolve seu nome, o Senador Edison Lobão nega com veemência qualquer atuação para a compra da Refinaria de Manguinhos. O Senador não tem qualquer tipo de relação com Marcelo Sereno ou Grupo Magro. A defesa do Senador tem reiteradamente alertado sobre a inconsistência em se admitir depoimentos de 'ouvir dizer' como elementos de prova para embasar acusações. Em razão disso, a palavra do delator é cada vez mais desacreditada, não apenas diante da fragilidade factual de tais narrativas, mas principalmente porque o próprio delator afirma que não presenciou os fatos que ele próprio aponta."

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