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Juízes repudiam Pimentel por 'justiceiros travestidos de magistrados'

Principal entidade da toga, a Associação dos Magistrados Brasileiros avalia que governador de Minas insinuou 'que falta sobriedade e contenção nos procedimentos judiciais'

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Mateus Coutinho e Fausto Macedo
Atualização:

Governador Fernando Pimentel (PT). Foto: UARLEN VALÉRIO/O TEMPO

Os juízes estão inconformados com o que classificam de 'uma afronta' à magistratura por parte do governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT). Em nota pública, a principal entidade da categoria, Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), repudiou enfaticamente na quarta-feira, 9, manifestação do petista durante a tradicional solenidade de entrega da Medalha Santos Dumont, na segunda-feira, 7.

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No evento, realizado no interior de Minas, Fernando Pimentel - alvo da Operação Acrônimo por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro -, afirmou. "Na democracia não pode e nem deve haver espaço para messianismos, para o surgimento de super-heróis, de justiceiros travestidos de magistrados."

O petista não citou nomes, mas sua fala provocou a mobilização da entidade que agrega mais de 15 mil magistrados em todo o País.

Em nota pública, a AMB declarou repúdio à manifestação de Pimentel. Para os juízes, ele 'afrontou' a toga.

"A isenção no trabalho dos juízes é um dos pilares do Estado Democrático e preservar os direitos individuais dos cidadãos é um dos princípios da atuação jurisdicional", diz o texto.

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"A declaração do chefe do executivo daquele Estado insinua que falta 'sobriedade e contenção nos procedimentos judiciais', o que é uma afronta à magistratura nacional."

Segundo a Associação dos Magistrados Brasileiros, 'não é novidade que o Poder Judiciário tem sido clamado para resolver a crise política brasileira'.

"Seja em operações como Lava Jato, Zelotes ou Acrônimo, esta em que o governador Pimentel é alvo de investigação, ou no trabalho diário de 18 mil togados nos mais distantes fóruns do Brasil, a magistratura tem agido com isenção e dentro dos princípios constitucionais", diz a nota pública, subscrita pelo presidente da entidade, João Ricardo Costa.

Na avaliação de João Ricardo, 'o avanço das investigações contra a corrupção tem apontado a participação de importantes autoridades, o que explica tamanha pressão sobre a Justiça brasileira'. Ele mandou um recado àqueles que atacam a magistratura. "A AMB continuará vigilante para garantir a autonomia necessária ao exercício jurisdicional e não admitirá a desqualificação e nenhum tipo de ataque aos juízes brasileiros."

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