PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Juíza quebra sigilo telefônico de Fernando Pimentel

A medida determinada pelo Juízo da 2ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo também atinge ex-deputado federal Gabriel Guimarães de Andrade, que teria recebido repasses de R$ 2 milhões da Renova S/A

Foto do author Pepita Ortega
Por Pepita Ortega
Atualização:

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). Foto: ANDRE DUSEK | ESTADÃO A Polícia Federal deflagrou hoje, 12, a operação Monograma, contra crimes de falsidade eleitoral e lavagem de dinheiro em desdobramento de outra operação, a Acrônimo, que tem com um dos investigados os ex-governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). O esquema teria movimentado R$ 3 milhões e contou com participação de empresa no Uruguai. Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Pimentel, entre eles o Apartamento do ex-governador em edifício na Serra, Centro-Sul de  Belo Horizonte. No local, a PF apreendeu R$ 60 mil em espécie. As ordens foram expedidas pela 32ª Zona Eleitoral, na capital. Prédio em que o ex-governador Fernando Pimentel (PT) mantém apartamento, no bairro Serra, um dos endereços em que a PF cumpriu hoje mandado de busca e apreensão.

A juíza federal Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, determinou a quebra de sigilo telefônico do ex-governador Fernando Pimentel (PT) no âmbito da 2ª fase da Operação 'E o Vento Levou' deflagrada na manhã desta quinta, 25. A representação da Polícia Federal pedia ainda realização de buscas em endereços ligados ao petista, mas a solicitação foi indeferida pela Justiça Federal de São Paulo.

PUBLICIDADE

Documento

A decisão

A operação busca investigar os beneficiários dos recursos desviados da empresa Cemig Geração e Transmissão por meio do aporte de R$ 810 milhões de reais na empresa Renova Energia SA. Segundo a investigação, a empresa Renova repassou parte do dinheiro desviado por um contrato de fornecimento de energia eólica firmado com a Casa dos Ventos, com superfaturamento de R$ 40 milhões.

Os valores teriam sido repassados à empresa por intermédio de quatro pessoas jurídicas. Segundo depoimento do colaborador Clécio Antonio Eloy, diretor geral da Casa dos Ventos, os contratos firmados com tais empresas 'serviram apenas para justificar o repasse do sobrepreço ajustado elos sócios-fundadores da Renova, Ricardo Delneri e Renato Amaral'. Ambos já são investigados.

Em sua decisão, a juíza indica que a medida contra Pimentel tem como objetivo 'confirmar eventual envolvimento do ex-governador de Minas Gerais na solicitação de vantagem indevida'.

Publicidade

O afastamento do sigilo telefônico entre janeiro de 2014 e dezembro de 2015 também atinge outros quatro investigados: ex-deputado federal Gabriel Guimarães de Andrade, que teria recebido repasses de R$ 2 milhões da Renova; Leandro Gonçalves, apontado como operado de Gabriel; e Ricardo Assaf e Francisco Brandão, respectivamente o diretor financeiro da Renova e sócio da Barcelona Capital Investimentos que fecharam acordos de colaboração premiada com a Justiça.

O documento menciona que Fernando Pimentel é citado na colaboração de Ricardo Assaf, diretor financeiro da Renova. Segundo o delator, o ex-governador teria participado de uma reunião em Belo Horizonte, junto aos acionistas da Renova Ricardo Delneri e Renato Amaral e o ex-deputado federal Gabriel Guimarães.

Assaf indicou que durante a reunião, dentre assuntos pertinentes ao desenvolvimento dos projetos eólicos em Minas, Fernando Pimentel teria mencionado que 'haviam incorrido em despesas consideráveis e que toda contribuição por parte de empresas seria de interesse'.

O delator contou que, após tal reunião, foi indagado por Ricardo Delneri, acionista da Renova, sobre a possibilidade de 'um repasse clandestino'. Segundo Assaf, ficou definido que um repasse de R$ 2 milhões.

Trecho da decisão da Justiça Federal de São Paulo Foto: Estadão

No documento, a juíza destaca que não há na delação 'menção expressa de que Fernando Pimentel tenha sido o autor do pedido de repasse de R$ 2 milhões ou qualquer pedido de vantagens'. A magistrada ressalta ainda que os valores teriam sido supostamente destinados a Gabriel Guimarães, conforme indicado pelo delator.

Publicidade

A magistrada afirmou ainda que não ficou demonstrado o vínculo entre o ex-deputado e o ex-governador e que o fato de Gabriel organizar a reunião entre os representantes da Renova e o Pimentel, por si só, não demonstra a associação dos dois políticos para cometimento de crimes.

Para a juíza, o único fato que poderia demonstrar algum envolvimento do o ex-governador com os fatos seria o financiamento de um camarote pela Renova no carnaval do Rio de Janeiro para um grupo de convidados de Gabriel e da mulher do ex-governador.

No entanto, segundo a juíza, em nenhum momento fica evidenciado que Pimentel tenha tratado diretamente sobre o tema e que tenha ciência de que o evento foi financiado pela Renova.

COM A PALAVRA, FERNANDO PIMENTEL

A Assessoria de imprensa de Fernando Pimentel informou por meio de nota:

Publicidade

"A investigação se debruça sobre fatos anteriores à gestão de Fernando Pimentel no Governo de Minas Gerais. O ex-governador desconhece o caso e não tem nem teve relações com a empresa Renova."

COM A PALAVRA, GABRIEL GUIMARÃES

A reportagem busca contato com o ex-deputado. O espaço está aberto para manifestação. (pepita.ortega@estadao.com)

COM A PALAVRA, OS OUTROS ENVOLVIDOS

A reportagem busca contato com a defesa dos outros investigados. O espaço está aberto para manifestação. (pepita.ortega@estadao.com)

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.