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Juiz põe aliado de Perillo em preventiva para evitar 'desequilíbrio' na eleição

Rafael Ângelo Slomp, da 11.ª Vara Federal Criminal de Goiânia, considera que, em liberdade, Jayme Rincón, ex-tesoureiro do ex-governador de Goiás, e seu motorista, Márcio Moura, poderiam 'perpetuar o aparato de arrecadação de valores espúrios'

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Por Fabio Serapião/BRASÍLIA
Atualização:

Valores apreendidos com um dos alvos. Foto: PF

Ao manter na prisão Jayme Rincón, ex-tesoureiro do ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB), o juiz Rafael Ângelo Slomp, da 11.ª Vara Federal Criminal, em Goiânia, afirmou que a liberdade dele e de seu motorista, Márcio Moura, poderia 'perpetuar o aparato de arrecadação de valores espúrios' e resultar em 'desequilíbrio' no pleito eleitoral.

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DECISÃO

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Rincón e Moura foram presos na sexta-feira, 28, pela operação Cash Delivery. Os dois são apontados como responsáveis pela receptação de cerca de R$ 10 milhões supostamente destinados à Perillo pela Odebrecht.

O ex-governador também foi alvo de busca e apreensão.

 
 

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Com o motorista de Rincón, que antes da prisão era coordenador da campanha ao governo do Estado de José Eliton (PSDB), que busca a reeleição, a PF encontrou cerca de R$ 900 mil em espécie.

"Ressalte-se que no caso em apreço, a liberdade de tais indivíduos além de perpetuar o aparato de arrecadação de valores espúrios para fins ainda näo suficientemente esclarecidos, a toda evidência, pode contribuir com o desequilíbrio daquilo que é o elemento mais basilar da democracia - o pleito eleitoral", diz o juiz.

No entendimento de Ângelo Slomp, outro motivo para a manutenção de Rincón e de seu motorista na cadeia é a influência de Perillo no governo de Goiás informada pelo Ministério Público Federal em seu pedido.

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O magistrado afirma que o tucano é apontado 'como o líder da organização e destinatário dos valores de propina' e cita como exemplo de sua influência a nomeação de Sérgio Cardoso, seu cunhado, para o o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás.

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Máfia. Ao pedir a prorrogação da prisão temporária de Rodrigo Rincón, filho do ex-tesoureiro de Perillo, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que o grupo liderado por Perillo seria uma organização criminosa que "segue se valendo de métodos típicos da máfia para assegurar a Omertá" - palavra de origem italiana que significa a lealdade e o pacto de silêncio entre criminosos de uma determinada organização.

Para o Ministério Público Federal, um dos indícios desse método de atuação do grupo fica exposto no fato de a ex-empregada doméstica da família Marilene Silva ter dito em depoimento que seu advogado foi indicado pela filha de Rincón.

Marilene, segundo a Procuradoria, atualmente toma conta de um imóvel em nome da empresa criada pela família de Rincón 'para esconder patrimônio amealhado, ao que se suspeita, com recursos provenientes das atividades da organização criminosa'.

"Essa tipologia de lavagem de dinheiro (constituir empresas de papel e registrá-la em nome dos filhos, para ocultar patrimônio imobiliário) não é inédita. Essa ilustrada Vara Federal já teve oportunidade de cuidar de um caso em tudo semelhante, oriunda da Operação Trem Pagador", diz o MPF.

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COM A PALAVRA, O EX-GOVERNADOR MARCONI PERILLO (PSDB)

A Defesa do Governador Marconi vem reafirmar que ele está e sempre esteve à disposição para esclarecer tudo relacionado à investigação e, a pedido da defesa, a delegada responsável marcou depoimento para logo após a eleição. O Governador não irá depor antes das eleições pois entendemos que a deflagração da operação na reta final da campanha eleitoral teve claro sentido eleitoreiro e o objetivo de provocar ataques e injusta perseguição política a Marconi.

Ressalta a Defesa que os fatos objetos da delação da Odebrecht - delação já conhecida há mais de 1 ano - dizem respeito a pretensas doações para as campanhas de 2010 e 2014, ou seja, fatos antigos e em nada relacionados à campanha de 2018. Além disso, não existe qualquer hipótese de propina ou corrupção na investigação, apenas doações para campanhas. E a defesa está muito segura a respeito e fará o necessário enfrentamento técnico do caso. A questão deve ser tratada e resolvida juridicamente na Justiça Eleitoral.

O uso de fatos alegadamente ocorridos há 8 anos e 4 anos em plena campanha eleitoral revela o verdadeiro intuito da Operação, que provocou uma ilegal e indevida perseguição política ao Governador que, como não poderia deixar de ser, está à disposição das autoridades e, como cidadão, é o maior interessado em esclarecer os fatos. A defesa alerta, há muito tempo, para os riscos de uma espetacularização do processo penal e da criminalização da política, que ataca e ofende pessoas de bem e comprometidas com o país. A democracia exige serenidade e responsabilidade. Ninguém está acima da lei, mas todo cidadão, político ou não, tem o direito de ver respeitada a Constituição da República, que garante a qualquer um o devido processo legal, a presunção de inocência, a ampla defesa e um julgamento justo. KAKAY

COM A PALAVRA, JAYME RINCÒN

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O Estado tentou contato com o ex-tesoureiro, mas teve sucesso. O espaço está aberto para manifestação.

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