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Juiz manda Prevent Senior depositar R$ 1,92 milhão para pagar tratamento de aposentado que recebeu 'kit-covid' e ficou sem vaga na UTI

Em decisão liminar, juiz Guilherme Santini Teodoro, da 30.ª Vara Cível de São Paulo, disse ver 'elementos indicativos de falha em atendimento médico-hospitalar' da rede operadora de planos de saúde

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Por Rayssa Motta
Atualização:

A Justiça de São Paulo deu cinco dias para a Prevent Senior depositar R$ 1,92 milhão em uma conta judicial para cobrir os gastos do tratamento de um aposentado que foi medicado com o chamado 'kit-covid' em um hospital credenciado da rede de planos de saúde na capital paulista.

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Documento

Leia a decisão

A decisão liminar é do juiz Guilherme Santini Teodoro, da 30.ª Vara Cível de São Paulo, e vale até uma análise mais detida do processo. Cabe recurso da sentença.

"Aplicou-se "kit Covid" e não se providenciou internação em UTI, recomendada pelo grave estado do paciente, inicialmente atendido em enfermaria e depois, por intervenção de médico de confiança da família, em semi UTI", diz um trecho da decisão.

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Fachada de unidade da Prevent Senior em São Paulo. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Os familiares do aposentado entraram com o processo alegando que, mesmo tendo desenvolvido um quadro grave de de insuficiência respiratória, ele não foi transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no hospital. Aconselhada por um médico de confiança, a esposa decidiu transferi-lo por conta própria ao hospital Albert Einstein. Ela afirma que pegou dinheiro emprestado com a família e com amigos, mas ainda assim não pode pagar a conta da internação particular.

Na decisão publicada nesta quarta-feira, 29, o juiz diz ver 'elementos indicativos de falha em atendimento médico-hospitalar' por parte da Prevent Senior.

"A conta do atendimento no hospital Albert Einstein, lançada contra a coautora, esposa do paciente, é elevada e não pode ser integralmente paga, malgrado significativo valor emprestado por familiares e amigos e emprego de recursos próprios", escreveu o magistrado.

Alvo da CPI da Covid, a operadora de planos de saúde também está sendo investigada pelo Ministério Público de São Paulo. Uma força-tarefa composta por oito promotores paulistas começou a receber documentos reunidos pela comissão parlamentar, que vão subsidiar os primeiros passos da apuração. A expectativa é que depoimentos comecem a ser tomados entre o fim desta semana e o início da semana que vem.

As suspeitas que atingem a Prevent Senior vieram a público a partir de denúncias de um grupo de médicos que relatou ter sofrido pressão da operadora de planos para administrar remédios ineficazes contra o novo coronavírus em pacientes diagnosticados com a doença sem o seu consentimento em uma pesquisa interna. Os profissionais também afirmam ter recebido orientação para ocultar mortes do estudo.

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Em nota divulgada ontem, a empresa negou o que chamou de 'acusações mentirosas levadas anonimamente à CPI e à imprensa'. "A Prevent Senior estranha o fato de a advogada manter no anonimato os supostos médicos autores da acusação. A empresa ainda não teve acesso aos autos da CPI para fazer sua ampla defesa", diz o texto.

COM A PALAVRA, A PREVENT SENIOR

"É decisão liminar que será contestada."

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