Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Juiz homologa delação de hacker de Moro e Deltan

Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, valida colaboração premiada de Luiz Henrique Molição, preso na segunda fase da Operação Spoofing

PUBLICIDADE

Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Fausto Macedo
Por Breno Pires , Pepita Ortega , Fausto Macedo , BRASÍLIA e SÃO PAULO
Atualização:

Luiz Molição, preso na segunda fase da Operação Spoofing. Foto: Reprodução / GloboNews

O juiz Vallisney Oliveira da 10ª Vara Federal de Brasília homologou o acordo de delação premiada do estudante de direito Luiz Henrique Molição, de 19 anos,  preso na segunda fase da operação Spoofing por suspeita de participar da invasão de celulares de pelo menos 1.000 pessoas, entre elas autoridades como o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça Sérgio Moro e os procuradores da Operação Lava Jato, inclusive Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa.

PUBLICIDADE

A decisão de homologar a delação foi proferida na noite da segunda-feira, 2. A tendência é que, a partir de agora, Molição deixe a prisão e continue a responder em liberdade.

Vallisney também concedeu mais 15 dias para que os investigadores encerrem o inquérito. O prazo encerra no dia 19 de dezembro. Após a conclusão pela Polícia Federal, caberá ao Ministério Público Federal decidir se oferece ou não denúncia.

No acordo, sob sigilo, Molição se comprometeu no acordo a trazer revelações sobre as ações relacionadas ao hackeamento das autoridades por meio das contas do aplicativo de comunicação Telegram. Ele também poderia entregar informações sobre diálogos que ainda não estão de posse dos investigadores.

Antes da delação, em depoimento prestado no dia 25 de setembro, o hacker detalhou à Polícia Federal os bastidores das invasões dos celulares de procuradores da Operação Lava Jato, com a participação de outros alvos da Operação Spoofing, como Walter Delgatti Neto, apontado como líder do grupo. Segundo Molição, 'Vermelho', como é conhecido seu colega, tem um 'perfil narcisista e sociopata'.

Publicidade

O primeiro depoimento de Molição, antes da delação

Walter Delgatti Neto, preso na primeira etapa da operação, confessou o hackeamento e afirmou ter mantido contato com o jornalista Glenn Grenwald, do site The Intercept Brasil, que tem divulgado os diálogos atribuídos a Moro, a Deltan e a outros procuradores da Lava Jato. O hacker também disse que não cobrou contrapartidas financeiras para repassar os dados. Molição participou pessoalmente de conversa referente à entrega dos conteúdos obtidos por meio das invasões.

Além de Delgatti Neto, foram presos no dia 23 de julho, Gustavo Henrique Santos, o DJ de Araraquara, sua mulher, Suellen Priscila de Oliveira e Danilo Cristiano Marques. Já a segunda etapa da operação prendeu, além de Molição, o programador Thiago Martins, o 'Chiclete'.

Dos seis investigados, Suelen Priscila de Oliveira, de 25 anos, é a única que está fora da prisão. Em entrevista exclusiva ao Estado, 12 dias após deixar o presídio feminino em Brasília, Suelen negou ser hacker e disse que, se quisesse, poderia ter "prejudicado a vida" de Walter Delgatti Neto.

No depoimento concedido seis dias após ser detido, Molição também contou à PF sobre as figuras públicas hackeadas, entre elas a deputada Joice Hasselmann. O hacker explicou como invadiram o celular da deputada federal para enviar uma falsa mensagem a um jornalista.

Publicidade

De acordo com os documentos do inquérito sigiloso a que o Estado teve acesso, a investigação sobre as invasões de aplicativos de comunicação de altas autoridades da República aponta a prática de crime contra a Lei de Segurança Nacional, na modalidade de espionagem.

COM A PALAVRA, A DEFESA

A reportagem busca contato, por telefone e por mensagens, com a defesa de Molição. O espaço está aberto para manifestações.

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.