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Juiz da Lava Jato, no Rio, vê 'traição eleitoral' de Sérgio Cabral

Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, expediu um dos mandados de prisão de Sérgio Cabral – o outro é do juiz Sérgio Moro, do Paraná

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Por Julia Affonso , Mateus Coutinho , Ricardo Brandt e Fausto Macedo
Atualização:

Juiz Marcelo Bretas. Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, afirmou em decisão que mandou prender o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) que se as suspeitas sobre o peemedebista forem confirmadas, 'estaremos diante de um gravíssimo episódio de traição eleitoral'. Sérgio Cabral foi preso na Operação Calicute, nova fase da Lava Jato, sob duas ordens de prisão. A outra é do juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato no Paraná.

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A investigação da força-tarefa do Ministério Público Federal apura pagamento de vantagens indevidas a Sérgio Cabral, em decorrência do contrato celebrado entre a Andrade Gutierrez e a Petrobrás, sobre as obras de terraplanagem no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). A força-tarefa da Lava Jato, no Rio, investiga corrupção na contratação de diversas obras conduzidas no governo do peemedebista, entre elas, a reforma do Maracanã para receber a Copa do Mundo de futebol de 2014, o PAC Favelas e o Arco Metropolitano, financiadas ou custeadas com recursos federais.

Segundo a Procuradoria da República, 'desde que Sérgio Cabral assumiu o governo estadual foi encetado um esquema de fraude em licitação e cartel envolvendo as grandes obras públicas de construção civil, além de pagamentos de propinas regulares por empreiteiras, entre elas a Andrade Gutierrez'.

Na decisão que mandou prender Sérgio Cabral, o juiz Marcelo Bretas classificou Sérgio Cabral como 'político de grande expressão nacional'.

"No topo da cadeia de comando da estrutura criminosa sob investigação, conclui o Ministério Público Federal, estaria o ex-governador do Estado do Rio de Janeiro Sérgio de Oliveira Cabral Santos Filho, ora investigado", afirmou o magistrado. "Se forem confirmadas as suspeitas iniciais levantadas pelos investigadores e Procuradores da República oficiantes, em especial no que diz respeito à participação do investigado Sérgio Cabral, independente da gravidade dos fatos e suas consequências sobre as finanças públicas tanto do Estado do Rio de Janeiro como da União, estaremos diante de um gravíssimo episódio de traição eleitoral, em que um indivíduo mostra-se capaz de menosprezar a confiança em si depositada por milhões de pessoas, para cargos nos Poderes Legislativos (do Estado e da União) e Executivo (do Estado) e em tantas eleições."

Sérgio Cabral foi deputado estadual por três legislaturas subsequentes e ocupou a Presidência da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). O peemedebista foi senador da República e governador do Rio por dois mandatos consecutivos.

A Operação Calicute é resultado de investigação em curso na força-tarefa da Operação Lava Jato no Estado do Rio de Janeiro em atuação coordenada com a força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná.

Duzentos e trinta policiais federais saíram às ruas para cumprir 38 mandados de busca e apreensão, 08 mandados de prisão preventiva, 2 mandados de prisões temporárias e 14 mandados de condução coercitiva expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, bem como 14 mandados de busca e apreensão, 2 mandados de prisão preventiva e 1 mandado de prisão temporária expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba.

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São investigados os crimes de pertencimento à organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre outros. Também participam das diligências dezenove procuradores do Ministério Público Federal e cinco auditores fiscais da Receita Federal.

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