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Juiz condena homem que discutiu com vizinho de condomínio por causa de vaga e disse que 'Hitler estava certo'

Pena imposta a Marcelo Izar Neves, de um ano de prisão em regime inicial aberto, pode ser convertida em prestação de serviços à comunidade; defesa recorreu e afirma que réu tem 'profundo repúdio à intolerância religiosa' e respeita a comunidade judaica

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Por Jayanne Rodrigues
Atualização:

O caso aconteceu em 2020 no condomínio em que os dois residem. A decisão cabe recurso. FOTO: DIVULGAÇÃO / TJ-SP Foto: Estadão

O juiz Waldir Calciolari, da 25ª Vara Criminal de São Paulo, decidiu condenar o homem que lançou ofensas antissemitas contra o vizinho Charles Zyngier, de 49 anos. O acusado Marcelo Izar Neves, 55, vai responder por injúria racial e ameaça. Os crimes aconteceram, segundo os autos, em 2020, no condomínio em que a vítima e o acusado residem, na zona oeste de São Paulo. A discussão teria iniciado por causa de uma vaga no estacionamento do prédio.

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Charles relata que a vaga dele estava ocupada por um carro do filho do acusado. Segundo o empresário, ele solicitou via grupo de WhatsApp que o veículo fosse retirado. Sem retorno, esvaziou os pneus. Quando Marcelo chegou no local a confusão começou. "A raça de vocês não presta", gritava para Zyngier "Hitler estava certo".

Ao escutar as ofensas, o morador judeu, que estava sentado em uma moto, tentou pegar o aparelho celular para registrar os xingamentos. O acusado reagiu de maneira hostil, começou a ameaçar o homem, confiscou o smartphone dele, além de o atingir com tapas e socos no rosto e na cabeça. Na ocasião, a vítima estava conversando com seguranças do local, que também testemunharam o momento. Na sentença ficou determinada pena de um ano de reclusão em regime inicial aberto, que pode ser convertida em prestação de serviços à comunidade. 

Nos autos, Marcelo tentou justificar as ofensas racistas pelo desentendimento que teve com o vizinho. Como resposta, o juiz disse que as desavenças não anulavam a responsabilidade do acusado. Marcelo é filho do famoso goleiro bicampeão do mundo de futebol, Gilmar dos Santos Neves. Em 1958 e 1962, Gilmar defendeu a meta do fabuloso  escrete da seleção brasileira nas Copas do Mundo da Suécia e do Chile. Gilmar morreu em 2013.

Diante das provas apresentadas, o magistrado concluiu "a negativa do acusado, assim como o teor dos depoimentos das testemunhas de defesa, não afastaram a demonstração efetiva das ofensas racistas." A decisão cabe recurso. 

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COM A PALAVRA, A DEFESA DE MARCELO IZAR NEVES

"A defesa de Marcelo Izar Neves já tomou ciência da sentença condenatória de primeiro grau proferida em desfavor de seu cliente e esclarece que, irresignada, já interpôs recurso de apelação - ainda pendente de julgamento - ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, no qual se confia a devida reforma da decisão condenatória.

De todo modo, Marcelo Izar Neves ressalta seu mais profundo repúdio à intolerância religiosa e salienta seu absoluto respeito a toda comunidade judaica."

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