O juiz Roberto Lemos dos Santos Filho, da 5ª Vara Federal de Santos, no litoral paulista, condenou nesta segunda-feira, 29, mais um réu na Operação Alba Vírus. A ação aberta pela Polícia Federal em agosto do ano passado prendeu 12 pessoas sob suspeita de envolvimento com o tráfico internacional de drogas.
O magistrado sentenciou Eduardo Oliveira Cardoso a 12 anos, oitos meses e 13 dias de prisão em regime inicial fechado por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Ele é dono de duas empresas de importação e exportação, uma sediada no Brasil e outra na Espanha, que teriam sido usadas para comercializar cocaína. O empresário está hoje custodiado no país europeu.
No curso das investigações, os policiais federais apreenderam 21 celulares. Nos aparelhos, encontraram vídeos de operações clandestinas para envio de cocaína ao exterior através da ocultação da droga em cargas lícitas. Cardoso foi identificado nas gravações participando da montagem de um palete onde os tabletes de entorpecente seriam escondidos em meio a uma remessa de frango congelado. Ele também foi apontado por outros condenados na Alba Vírus como dono das drogas e 'principal responsável' pelas ações de tráfico denunciadas.
Em depoimento, Cardoso negou as acusações e, ao assistir o vídeo, disse que não era ele nas imagens colhidas pelos investigadores. No entanto, para o juiz, as provas colhidas são suficientes para demonstrar a participação dele no caso.
"As declarações do acusado não foram suficientes para refutar o forte e significativo conjunto de provas coligidas no curso da operação policial, corroboradas e solidificadas durante a instrução processual", concluiu o magistrado na sentença de 104 páginas.
Operação Alba Vírus
A operação foi deflagrada em agosto de 2019 para desarticular um grupo que usava portos brasileiros para o tráfico internacional de drogas em navios cargueiros. Durante a ação, 12 pessoas foram presas e US$ 7,2 milhões e R$ 1,6 milhão em espécie apreendidos.
Segundo as investigações apontaram na época, a organização criminosa inseria cocaína em contêineres embarcados para países da Europa por meio dos portos de Santos, Paranaguá e Navegantes e usava empresas de fachada com atuação na logística portuária. Em geral, a droga era escondida sem que os verdadeiros donos das cargas tivessem conhecimento, apontou a PF.
COM A PALAVRA, EDUARDO CARDOSO
A reportagem busca contato com a defesa do empresário. O espaço está aberto para manifestação (rayssa.motta@estadao.com).