Os delatores da Odebrecht afirmaram aos investigadores da Operação Lava Jato que o fundador do PSDC, José Maria Eymael, recebeu dinheiro de caixa 2 do Setor de Operações Estruturadas do grupo - o chamado "departamento da propina". Foram R$ 50 mil para sua campanha presidencial de 2010.
"Segundo o Ministério Público, relatam os colaboradores o pagamento de vantagens indevidas não contabilizadas (R$ 50.000,00), no âmbito de campanha eleitoral de José Maria Eymael à Presidência da República, ano de 2010", informa a petição 6721/DF, enviada para a primeira instância pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato, de alvos com foro privilegiado.
É a primeira vez que Eymael - do jingle-chiclete "Eeeeymael, o democrata cristão" - aparece no escândalo da Lava Jato. Candidato a presidência por quatro vezes (1998, 2006, 2010 e 2014), o ex-deputado deve ser investigado em São Paulo.
Fachin enviou a petição 6721/DF, da Procuradoria Geral da República (PGR), para a Justiça Federal em São Paulo.
"Afirmando que não existe menção a crimes praticados por autoridades detentoras de foro por prerrogativa de função nesta Corte, requer o Procurador-Geral da República o reconhecimento da incompetência do Supremo Tribunal Federal para a apuração dos fatos, enviando-se o citado termo à Procuradoria da República em São Paulo."
Eymael foi citado nas delações de Carlos Armando Guedes Paschoal e Benedicto Barbosa da Silva Júnior.
COM A PALAVRA, JOSÉ MARIA EYMAEL
Eu, José Maria Eymael, Deputado Federal Constituinte e Presidente Nacional do PSDC, Partido Social Democrata Cristão, face às notícias veiculadas pela mídia nacional, nesta quarta-feira, 12 de abril de 2017, destacando o meu nome, com especial ênfase, como beneficiário de uma doação de R$ 50.000,00, não declarados em minha campanha à Presidência da República em 2010, venho categoricamente afirmar a Nação:
1- Não recebi e não autorizei ninguém a receber, do Grupo Odebrecht ou de qualquer outra fonte, recursos ilegais e incapazes de serem declarados à Justiça Eleitoral.
2- Reafirmo meus pronunciamentos da Campanha de 2010 e 2014, exigindo Auditoria Independente das Contas Públicas. Auditoria capilarizada, enraizada, disseminada, chegando a todos os lugares onde o dinheiro público corra risco. Matar a corrupção em seu nascedouro, em seu ninho. E prender os corruptos!
3- À Justiça, peço a imediata e total apuração desta infame e improcedente citação.
4- Manifesto minha indignação ao ver a associação de meu nome, à pretensa irregularidade eleitoral, em preliminar Petição, ser divulgada como se verdade fosse, e logo após ter, em rede nacional de rádio e televisão repudiado a chaga aberta e pútrida da corrupção e condenado, como sempre, a vergonha do Foro Privilegiado.
5- Indignação, quando o destaque de meu nome, em uma Petição que não me faz nenhuma acusação, e que tem a única finalidade de encaminhar depoimentos, se contrapõe a toda uma vida dedicada à causa pública, fundamentada no princípio que escrevi no Inciso I do Art. 3º da Constituição Federal: construir uma sociedade livre, justa e solidária! Contrapor à dignidade de uma vida!