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Irmãos sócios da Avianca Holdings são presos na fase 72 da Lava Jato por propinas de R$40 milhões na Transpetro

Germán e José Efromovich, que também são donos de estaleiro, são suspeitos pagar propinas a executivo da estatal em troca de contrato de R$ 857 milhões para fornecimento de navios; companhia aérea não é alvo das investigações

Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Fausto Macedo
Por Rayssa Motta e Fausto Macedo
Atualização:

Germán e José Efromovich. Fotos: CARLOS VERA/REUTERS/29/03/2016 e HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO/15/06/2012 

Os irmãos Germán e José Efromovich, donos estaleiro Eisa, foram presos na manhã desta quarta-feira, 19, na Operação Navegar é Preciso, fase 72 da Lava Jato. A família é acionista da Avianca Holdings, que não é citada nas investigações.

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A força-tarefa pediu a detenção preventiva dos empresários, mas por causa da pandemia a Justiça decretou regime domiciliar.

Seis mandados de busca e apreensão também foram cumpridos pela Polícia Federal em Alagoas, no Rio de Janeiro, em Niterói e na capital paulista.

A PF, em cooperação com o Ministério Público Federal, deflagrou a operação para combater suposta fraude em licitação da Transpetro, subsidiária da Petrobrás responsável pelo transporte de combustível e pela importação e exportação de petróleo e derivados, para compra e venda de navios.

A suspeita é que os empresários tenham pago R$40 milhões em propinas a um executivo da estatal, que não teve o nome divulgado, em troca de um contrato de R$ 857 milhões para fornecer os navios. O prejuízo com a contratação, classificado pela PF como 'assombroso', é estimado em cerca de R$ 611 milhões.

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"Verificaram-se evidências de que o favorecimento da Transpetro em relação ao estaleiro teria ocorrido também no decorrer da execução do contrato, exemplo disso seriam as sucessivas prorrogações nos prazos para a entrega dos navios e aditivos contratuais que muito beneficiaram a empresa contratada", informou a Polícia Federal.

De acordo com os investigadores, as propinas teriam sido depositadas por meio de várias transferências em contas bancárias no exterior. Na tentativa de disfarçar os pagamentos, empresas ligadas ao estaleiro e ao executivo teriam firmado um contrato falso de investimento em uma terceira empresa estrangeira, que previa o pagamento de uma multa de R$ 28 milhões em caso de cancelamento do aporte.

Para os agentes, uma série de medidas de engenharia societária, confusão entre personalidades jurídicas e físicas dos investigados e das suas empresas, bem como de confusão gerencial dos alvos relacionados ao estaleiro na administração das empresas do grupo são indícios de lavagem de dinheiro, ocultação e blindagem do patrimônio.

COM A PALAVRA, GERMÁN EFROMOVICHApós tomar conhecimento da operação, o empresário concedeu entrevista coletiva à imprensa, em que negou ter pago propinas em troca dos contratos.

"Nós ganhamos aquele contrato em uma licitação. Inclusive tem uma ação contra a Transpetro, porque não cumpriram o contrato. Eu vi a delação premiada do senhor Sérgio Machado, há uns anos atrás, onde diz que o único que não dá dinheiro para político é o Germán Efromovich. Eu nunca dei dinheiro em troca de contrato para político nenhum, nem para executivo da Transpetro. Aliás, minhas contas são transparentes, podem olhar tudo", disse.

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COM A PALAVRA, JOSÉ EFROMOVICH A reportagem busca contato com a defesa do empresário José Edromovich. O espaço está aberto para manifestações (rayssa.motta@estadao.com)

COM A PALAVRA, A PETROBRÁS "Petrobras e Transpetro são reconhecidas pelo próprio Ministério Público Federal e pelo Supremo Tribunal como vítimas dos crimes desvendados. A Petrobras vem colaborando com as investigações desde 2014, e atua como coautora do Ministério Público Federal e da União em 18 ações de improbidade administrativa em andamento, além de ser assistente de acusação em 71 ações penais.

Cabe salientar que a Petrobras já recebeu mais de R$ 4,6 bilhões, a título de ressarcimento, incluindo valores que foram repatriados da Suíça por autoridades públicas brasileiras."

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