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Investigação sobre Lula não constitui juízo de valor sobre quem ele é, diz Lava Jato

Procuradores argumentam que 'em uma República, mesmo pessoas ilustres e poderosas devem estar sujeitas ao escrutínio judicial quando houver fundada suspeita de atividade criminosa'

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Foto do author Julia Affonso
Por Andreza Matais , Ricardo Brandt e Julia Affonso
Atualização:

 Foto: Marcio Fernandes/Estadão

A força-tarefa da Operação Lava Jato afirmou nesta sexta-feira, 4, que a investigação sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva 'não constitui juízo de valor sobre quem ele é ou sobre o significado histórico dessa personalidade'.

O petista é o principal alvo da Operação Aletheia, ápice da Lava Jato que desmontou esquema de corrupção na Petrobrás.

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Lula foi conduzido coercitivamente - quando o investigado é levado para depor - até a sala vip do Aeroporto de Congonhas, onde está depondo. Investigadores informaram que o ex-presidente está respondendo às perguntas da força-tarefa da Lava Jato.

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"Ressalta a força-tarefa do Ministério Público Federal que a investigação sobre o ex-presidente não constitui juízo de valor sobre quem ele é ou sobre o significado histórico dessa personalidade, mas sim um juízo de investigação sobre fatos e atos determinados, que estão sob suspeita", informou a Procuradoria.

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A Aletheia cumpre mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva. O petista é investigado em quatro frentes.

"Há evidências de que o ex-presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-Presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras", diz a força-tarefa.

Os investigadores apontam 'fortes indícios' de que, entre 2010 e 2014, Lula recebeu pelo menos R$ 770 mil 'sem justificativa econômica lícita' do pecuarista e amigo dele José Carlos Bumlai - preso desde 24 de novembro na Operação Passe Livre, desdobramento crucial da Lava Jato que apontou para o suposto envolvimento do ex-presidente no esquema de corrupção instalado na Petrobrás.

"Dentro de uma República, mesmo pessoas ilustres e poderosas devem estar sujeitas ao escrutínio judicial quando houver fundada suspeita de atividade criminosa, a qual se apoia, neste caso, em dezenas de depoimentos e ampla prova documental", sustenta a força-tarefa. "Conforme colocou a decisão judicial, "embora o ex-presidente mereça todo o respeito, em virtude da dignidade do cargo que ocupou (sem prejuízo do respeito devido a qualquer pessoa), isso não significa que está imune à investigação, já que presentes justificativas para tanto."

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