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Investidor e regulador buscam mais acesso aos investimentos alternativos

Por Patrícia Stille e Rodrigo Fiszman
Atualização:
Rodrigo Fiszman e Patrícia Stille. FOTO: DIVULGAÇÃO  

Os investimentos alternativos estão ficando mais próximos do investidor de varejo. Um estudo realizado pela Assessoria de Análise Econômica e Gestão de Riscos (ASA) da CVM analisou as preferências dos investidores e sugeriu mudanças regulatórias para ampliar o mercado de private equity.

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O estudo, intitulado "Investidores no mercado de capitais brasileiro", buscou entender principalmente os mais de 3,7 milhões de investidores que estão chegando ao mercado de capitais neste momento, especialmente suas preferências e seu entendimento sobre investimentos.

No relatório, o regulador avalia que "empresas de pequeno e médio porte ainda enfrentam dificuldades em captar recursos além dos tradicionais empréstimos bancários. Portanto, o crescimento das aplicações dos investidores de varejo em valores mobiliários é de grande importância para o financiamento das empresas brasileiras e, consequentemente, para o futuro crescimento econômico no país". E afirma que "a acumulação de capital, ampliada pela poupança dos trabalhadores, é de fato vista como um dos maiores geradores de crescimento econômico".

Parte do estudo envolveu uma pesquisa com investidores qualificados e de varejo. Ela descobriu que o investidor já está atento ao mercado de alternativos: 78% afirmaram ter conhecimento sobre o mercado de private equity, e 47% têm alto interesse em investir, embora, apenas 10% invistam.

Se há interesse, então por que não o fazem? Entre os comentários recebidos na pesquisa da CVM, o principal foi a necessidade de uma regulação mais flexível para que os investidores possam acessar este mercado.

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Para endereçar esse interesse, o estudo apresentou propostas para aumentar o acesso do investidor ao mercado de alternativos. Partindo dos dados da pesquisa e benchmarks internacionais, o estudo propôs mudanças regulatórias, como a possibilidade de um fundo de investimento em participações (FIP) captar por meio de oferta pública registrada, com listagem em bolsas de valores.

O aprendizado do regulador com o equity crowdfunding a partir da Instrução CVM 588/2017 foi incorporado nas recomendações. Por este motivo, uma sugestão foi a possibilidade de um FIP captar por meio de plataformas de investimento alternativo.

O estudo também sugeriu mudanças nas exigências para classificação do investidor como qualificado. Isto também tem o potencial de ampliar o acesso ao mercado de alternativos, uma vez que vários produtos mais sofisticados são restritos a esta classe. Uma das mudanças é a redução do patrimônio mínimo investido dos atuais R$ 1 milhão para 600 salários-mínimos.

Os investimentos alternativos são a nova fronteira de evolução do mercado de capitais. Dar ao investidor a possibilidade de investir em empresas de capital fechado significa viabilizar que eles aportem em negócios com alto potencial de crescimento, ainda mais estimulado com a injeção de capital.

O estudo só reforça que a expansão do mercado de investimentos alternativos é um caminho sem volta. Com a perspectiva de juros reais de um dígito nos próximos anos, o maior apetite de riscos do investidor e o esforço da CVM em desenvolver o mercado de capitais, os gestores agora podem ser criativos no desenvolvimento de produtos financeiros para o varejo. É o que tem feito os ativos não listados em bolsa se tornarem mais acessíveis e seguros ao investidor de varejo.

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E caso as mudanças regulatórias se concretizem, o horizonte se abre ainda mais. Inclusive, possibilidades como um FIP ser listado em bolsa são a realização de antigos sonhos dos gestores de investimentos alternativos.

*Patrícia Stille e Rodrigo Fiszman, sócios do Grupo Solum

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