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'Intolerável'

Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV protesta contra agressões sofridas por profissionais de imprensa durante manifestações 'Fora, Temer'

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Por Mateus Coutinho e Julia Affonso
Atualização:

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) classificou como 'intolerável' as agressões sofridas por profissionais de imprensa por parte de policiais militares e de um manifestante do ato 'Fora, Temer' no Rio.

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No protesto realizado neste domingo, 4, na capital paulista, repórter da BBC Brasil, Felipe Souza, cobria a manifestação contra o presidente Michel Temer quando foi agredido por policiais.

"O jornalista estava identificado com colete e crachá da imprensa, mas, ainda assim, foi vítima de pelo menos quatro policiais que deveriam zelar pela segurança do protesto. Ele teve, também, o celular danificado enquanto fazia as gravações", diz nota da Abert.

O texto cita também o episódio com a reportagem do Estadão no Rio, onde o engenheiro Rubem Ricardo Outeiro de Azevedo Lima, de 58 anos, se aproximou do veículo do jornal aos gritos de 'jornal fascista' e 'golpista'.

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Manifestante diante de blindado da PM em ato pelo 'Fora, Temer'. / AFP PHOTO / Miguel SCHINCARIOL Foto: Estadão

Ele chutou o carro, amassando o porta-malas e a porta do motorista. O funcionário do Estadão, de 65 anos, não foi ferido.

Outros manifestantes e motoristas que passavam no local viram a cena e se solidarizaram com o motorista do Estadão. O agressor chegou a bater no vidro de pelo menos mais um veículo, intimidando os passageiros. No carro do Estadão, só estava o motorista do jornal.

A advogada Rosalina Maria Cláudio Pacífico, moradora de Copacabana que participava do protesto desde o início, disse ter presenciado o momento em que o manifestante atacou o carro da reportagem.

Segundo Rosalina, o agressor parecia "isolado" dos demais participantes do ato público. "A manifestação já estava se dispersando, na Avenida Princesa Isabel, quando um grupo resolveu seguir até o Canecão. As pessoas estavam andando devagar quando um senhor passou pelo carro do jornal, e chutou o carro. Um grupo de pessoas escutou o barulho. Eu disse para ele: 'você não devia ter feito isso, não pode vincular esse seu ato isolado ao nosso movimento, que é legítimo'. Ele respondeu 'o carro é do jornal, é do jornal' e saiu correndo", contou a advogada.

Na nota divulgada hoje, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV afirma que pelo menos dez casos de agressões contra profissionais da imprensa foram registrados nos protestos da semana passada e pede que as autoridades façam uma "apuração rigorosa" dos fatos e punam os culpados.

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"A cada nova manifestação, são várias as ocorrências que têm como vítimas jornalistas no exercício da profissão. Na última semana, pelo menos dez casos de agressões contra profissionais da imprensa e veículos de comunicação foram registrados", conclui.

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A ÍNTEGRA DA NOTA DA ABERT:

"A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) considera intolerável que, mais uma vez, profissionais e veículos de comunicação tenham sido alvos de agressões por parte da Polícia Militar e de manifestantes durante cobertura jornalística de protestos populares.

Na noite de domingo (4), o repórter da BBC Brasil, Felipe Souza, foi atingido por vários golpes de cassetete desferidos por PMs durante manifestação na Zona Oeste de São Paulo (SP). O jornalista estava identificado com colete e crachá da imprensa, mas, ainda assim, foi vítima de pelo menos quatro policiais que deveriam zelar pela segurança do protesto. Ele teve, também, o celular danificado enquanto fazia as gravações.

Já no Rio de Janeiro, um carro de reportagem do jornal O Estado de S. Paulo foi atacado por manifestantes durante protesto em Copacabana.

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A cada nova manifestação, são várias as ocorrências que têm como vítimas jornalistas no exercício da profissão. Na última semana, pelo menos dez casos de agressões contra profissionais da imprensa e veículos de comunicação foram registrados.

A ABERT lembra que o acesso à informação é um direito da sociedade garantido pela Constituição Brasileira. São extremamente preocupantes os repetidos atos de violência que tentam impedir a livre e necessária atuação da imprensa. Mais uma vez, a ABERT pede às autoridades competentes a apuração rigorosa dos fatos, além da punição dos responsáveis.

PAULO TONET CAMARGO Presidente"

A NOTA DA ASSOCIAÇÃO DE CORRESPONDENTES ESTRANGEIROS:

"A Associação dos Correspondentes Estrangeiros também se manifestou:

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A Associação dos Correspondentes Estrangeiros (ACE) repudia as agressões de efetivos da Polícia Militar (PM) de São Paulo contra profissionais da imprensa que estavam trabalhando na cobertura dos protestos deste domingo 4 de Setembro.

As agressões verbais e físicas registradas pelo repórter da BBC Brasil, Felipe Souza, repetem um padrão de abusos contra a imprensa que vem sendo registrado desde os protestos de 2013, especialmente quando os manifestantes são de oposição ao governo de São Paulo, o que fere não apenas aos jornalistas, mas a liberdade de expressão, e o direito de protestar garantido pelas instituições democráticas do Brasil e do exterior.

Desde 2013 jornalistas brasileiros e correspondentes de meios internacionais têm sido feridos, alguns com gravidade, como no caso do fotógrafo Sérgio Silva, que perdeu a visão durante uma cobertura, atingido por uma bala de borracha da PM, en junho de 2013.

A ACE apoia também o apelo de entidades nacionais e internacionais que defendem o exercício da atividade jornalística, pedindo ao Governo de São Paulo que investigue e puna os abusos registrados contra jornalistas e cidadãos desarmados.

Diretoria ACE Setembro de 2016"

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