Julia Affonso e Luiz Vassallo
04 de setembro de 2017 | 21h10
Joesley Batista. FOTO: AYRTON VIGNOLA/ESTADÃO
A J&F se manifestou nesta segunda-feira, 4, sobre o áudio que pode cortar os benefícios de seus delatores. “Interpretação equivocada”, afirmou o grupo, em nota divulgada depois que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, assinou uma portaria em que instaura procedimento de revisão de colaboração premiada de três dos sete executivos da J&F.
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A apuração de Janot se dá após entrega de documentos, provas e áudios pela defesa dos colaboradores na última quinta-feira, 31 de agosto.
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O acordo previa prazo de 120 dias, a partir da homologação, para que os colaboradores reunissem e entregassem ‘elementos de provas’ sobre os depoimentos prestados em abril perante a Procuradoria-Geral da República para que não fossem acusados de omissão.
Um dos diálogos trata de suposta atuação do então procurador da República Marcello Miller, dando a entender que ele estaria auxiliando na confecção de propostas de colaboração para serem fechadas com a Procuradoria-Geral da República. Tal conduta configuraria, em tese, crime e ato de improbidade administrativa.
A J&F afirmou que ‘a interpretação precipitada dada ao material entregue pelos próprios executivos à Procuradoria-Geral da República será rapidamente esclarecida, assim que a gravação for melhor examinada’.
“Conforme declarou a própria PGR, em nota oficial, o diálogo em questão é composto de “meras elucubrações, sem qualquer respaldo fático”. Ou seja, apenas cogitações de hipóteses — não houve uma palavra sequer a comprometer autoridades”, diz a nota da J&F.
“É verdade que ao longo do processo de decisão que levou ao acordo de colaboração, diversos profissionais foram ouvidos — mas em momento algum houve qualquer tipo de contaminação que possa comprometer o ato de boa fé dos colaboradores.”
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