Maio de 1982. No Rio Grande do Norte, o governo passava das mãos de Lavoisier Maia para o primo, José Agripino Maia, ambos do então PDS, ou Partido Democrático Social. Foi nesse mês, no dia 18, que aconteceu o 'maior roubo da história do Estado', ou o 'Roubo da Emergência', segundo os anais da Polícia. Um bando de homens armados com revólveres e metralhadoras assaltou em Umarizal - a 405 km de Natal - um carro ocupado por funcionários do Banco Econômico que transportava Cr$ 94 milhões.
O dinheiro era destinado ao pagamento de 15.826 trabalhadores inscritos no plano de emergência da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste contra a seca.
Nesta época a sede do governo potiguar ainda era o Palácio Potengi, magnífica construção do século 19 tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional que, mais tarde, deu lugar para o Palácio das Artes e agora abriga a Pinacoteca Potiguar.
Em Brasília, o presidente João Figueiredo era o último general do regime de exceção, instalado no País em 1964. Um governo marcado pela inflação sufocante e pelas Diretas Já, que tomaram as ruas nos anos seguintes, em 1983 e 1984.
Sócrates, o talentoso criador da 'democracia corintiana', era a liderança do escrete brasileiro na Copa da Espanha. Com ele, uma geração de gênios... Zico, Falcão, Cerezo, Éder... sob comando do disciplinador TelêSantana. Mas a seleção que encantou o mundo voltou sem a Taça, eliminada pela Itália de Paolo Rossi, o carrasco.
Eram tempos de turbulência na economia. A inflação acumulada no ano atingiu a marca assombrosa de 99,7%. A crise da dívida externa levou o Brasil a recorrer ao Fundo Monetário Internacional.
Lá fora, os americanos e os russos ainda mantinham a velha disputa pela hegemonia do planeta.
Aqui perto, a Argentina entrou na aventura das Malvinas e se curvou ao Reino Unido que retomou o domínio das Ilhas.
A Globo exibia na faixa das sete da noite Sétimo Sentido, estrelada por Regina Duarte, a 'namoradinha do Brasil', hoje chefe da Secretaria Especial da Cultura do governo Bolsonaro.
Em São Paulo, o governo passava das mãos de Paulo Maluf (PDS) para José María Marin, da mesma sigla. Maluf deixou o Palácio dos Bandeirantes naquele maio de 1982 para se candidatar a uma cadeira na Câmara. Hoje cumpre prisão domiciliar, condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão por lavagem de dinheiro.