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Inferno brasileiro

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Por Fernando Goldsztein
Atualização:
Fernando Goldsztein. Foto: CRISTIANO SANTANNA/INDICEFOTO

Certo dia um sujeito sem bons antecedentes morreu e foi parar no inferno. Ao chegar, para sua surpresa, foi recebido pelo próprio diabo que ofereceu-lhe duas opções. Poderia escolher entre o inferno inglês e o inferno brasileiro.

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Admirado, o recém-chegado perguntou qual seria a diferença entre os dois. O diabo calmamente explicou que no inferno inglês come-se um potinho cheio de areia todos os dias. Já no brasileiro, come-se diariamente um balde inteiro de areia. Sem pestanejar o sujeito escolheu o inferno brasileiro.

O diabo, atônito, perguntou porque ele havia optado em comer um balde de areia diariamente se tinha a opção de comer só um potinho? Ora, disse o sujeito com ar de sabedoria, no inferno inglês sei que terei que comer um potinho de areia implacavelmente todos os dias. Porém, no brasileiro, quando tiver areia não terá balde e quando tiver balde não terá areia... .

Esta piada é antiga porém extremamente atual. Lembrei dela ao ler a capa do Estadão de domingo, 22 de Novembro: "Saúde pode ter de jogar no lixo 6,8 milhões de testes de covid". É inacreditável, mas infelizmente é verdadeiro. O Ministério da Saúde está na iminência de descartar milhões de testes RT-PCR (o padrão ouro para a detecção da covid-19) pois os mesmos perderão a validade nas próximas semanas.

Segundo o governo federal, estados e municípios não fizeram a solicitação de envio dos testes. Por sua vez, os estados e os municípios  argumentam que de nada adianta os testes sem os reagentes químicos necessários para o seu processamento. Portanto, se tem areia não tem balde e se tem balde não tem areia... .

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Importante destacar que o Brasil tem tido uma postura muito tímida, para dizer o mínimo, na utilização de testes. Os países que fizeram massivo uso dos testes, obtiveram resultados muito melhores na gestão da pandemia. Não obstante sermos a nona economia mundial, somos apenas o centésimo segundo país em número de testes por milhão de habitantes. Já no ranking de mortes, também por por milhão de habitantes, ocupamos, não por acaso, um desonroso nono lugar.

A desorganização e a desarticulação das políticas públicas de saúde tanto a nível federal, quanto estadual e municipal; a corrupção desenfreada; os interesses políticos à frente dos interesses do país; entre outros, são os principais  motivos que  contribuíram para estes péssimos resultados.

Está mais do que na hora da sociedade cobrar fortemente as reformas estruturantes  tão propaladas pelo governo e tão importantes para o futuro do povo brasileiro. Pergunto: Se não agora, quando?

Pois que o ano de 2021 seja um ano focado no bem comum e não em interesses políticos e eleitorais! Que o ano de 2021 seja um ano de reformas e privatizações!

Avante Brasil!  Não temos mais tempo a perder.

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*Fernando Goldsztein, empresário

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