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Indústria criativa: resiliência e esperança em tempos pós-covid

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Por Raphael Callou
Atualização:
Raphael Callou. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O mundo ainda sofre com os efeitos da pandemia do coronavírus. Além da irreversível dor e sofrimento pela perda dos entes queridos, os impactos econômicos foram deletérios, levando ao aumento do número de desempregados e desalentados no país.

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A Indústria Criativa brasileira, que representa 2,6% do Produto Interno Bruto Nacional, encolheu 5% ao longo da pandemia, o que significa o encerramento de 244 mil postos de trabalho. Apenas no primeiro semestre deste ano, 80,4 mil trabalhadores da área cultural ficaram desempregados. Um número expressivo, muitas vezes invisível para boa parte do público, que só enxerga o artista que se apresenta e desconhece a longa cadeia produtiva que impulsiona o setor.

Estamos caminhando para a vencer esta batalha. O avanço da vacinação no país - mais de 50% dos brasileiros já estão completamente imunizados - permite a retomada dos espetáculos, exposições e a ida aos cinemas, ainda que se respeitando os cuidados sanitários. Chegou a hora de impulsionar a retomada.

No último dia 05 de novembro, celebramos os 15 anos da Carta Cultural Ibero-Americana, documento que lastreia a cooperação cultural na região, com base na sua diversidade e riqueza cultural. Com a implementação desta Carta, reconhece-se, pela primeira vez na Ibero-América, o valor da cultura como pilar indispensável do desenvolvimento social e econômico da região e destaca-se como um contributo fundamental para a coesão social e uma verdadeira cultura de paz.

Para nós, da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), investir em cultura não significa apenas apostar na retomada econômica de uma atividade essencial do PIB brasileiro mas também, como dizia Ferreira Gullar, a percepção de que a arte existe porque a vida não basta. Passamos pelo confinamento, pelo distanciamento social. Experimentamos as perdas, vivenciamos o luto. Chegou a hora de voltarmos a sonhar e ter esperanças.

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Neste sentido, fizemos uma parceria com a Secretaria Especial de Cultura e vamos realizar o Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR 2021). Congregamos agentes culturais, artistas e investidores de nove segmentos culturais, construindo caminhos para que 2021 seja efetivamente o ano internacional da economia criativa para o desenvolvimento sustentável, tal como declarou a Organização da Nações Unidas (ONU).

Queremos ver surgir novos atores, novos agentes, novos produtores. E estimular quem já está no mercado. Ansiamos por gerar e impulsionar ideias que permitam ao Brasil e aos demais países ibero-americanos um panorama positivo de trânsito de indivíduos e de cooperação no âmbito da economia criativa.

É uma iniciativa que funciona como estímulo para a recuperação econômica do setor cultural, atingido pelos impactos da pandemia. Além do reconhecimento das indústrias criativas como um vetor de desenvolvimento, o MICBR é uma plataforma que conecta mercados regionais, habilitando produções e itinerâncias em diferentes países - favorecendo a internacionalização das expressões culturais brasileiras.

A economia criativa gera resultados expressivos que vão além do entretenimento e do consumo. No caso da cultura brasileira, estamos falando de um dos elementos mais marcantes da nossa expressão internacional. Ela representa a forma como entendemos o mundo e como ele nos vê. Depois de tempos tão áridos, nada melhor do que apostar em profissionais criativos para compor um enredo melhor.

*Raphael Callou é diretor da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI)

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