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'Jefferson agiu de forma premeditada e com intenção de matar', diz delegado atingido na cabeça por estilhaços de granada

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Foto do author Fausto Macedo
Por Pepita Ortega e Fausto Macedo
Atualização:

Roberto Jefferson. Foto: TWITTER

Um dos feridos por estilhaços de granada arremessada pelo ex-deputado Roberto Jefferson contra a PF, o delegado Marcelo André Coster Villela afirmou em depoimento que 'indícios não deixam dúvidas' que o ex-presidente do PTB 'aguardava a polícia federal e agiu de forma premeditada e com intenção de matar os policiais' que foram até Levy Gasparian neste domingo, 23, para prendê-lo. Após ser atingido, Villela foi levado ao hospital e fez um de raio-x, exame que constatou dois fragmentos no crânio do delegado.

A agente federal Karina Lino Miranda, também alvo da fúria de Jefferson, foi atingida por estilhaços na testa, perna, braços e bacia. Ela narrou que o ex-deputado, antes de jogar a primeira granada na direção dos policiais, levantou a mão, mostrou o dispositivo, tirou com o pino e disse que iria jogá-la afirmando 'vocês estão juntinhos ai vão machucar'.

 Foto: Estadão

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Os relatos dos policiais constam no inquérito no bojo do qual Jefferson foi indiciado por por quatro tentativas de homicídio - imputações correspondentes aos integrantes da equipe da PF que tentaram capturá-lo. Os outros PFs que participaram da diligência neste domingo, 23, são o escrivão Daniel Queiroz Mendes da Costa e o agente Heron Costa Peixoto. Ambos também prestaram depoimento sobre o ocorrido (leia a íntegra dos relatos ao final da reportagem).

Heron relatou que a equipe chegou à casa de Roberto Jefferson por volta de meio dia. De acordo com o depoimento, a equipe tocou o interfone, mas ninguém atendeu, então o agente resolveu pular o muro da residência e tocar a campainha. Uma senhora o respondeu, dizendo 'vai embora que vai dar merda' e gritando 'vai embora'. O agente disse que em seguida viu Jefferson dizer algo para a equipe, mas seguiu insistindo com a senhora para que ela abrisse o portão. Logo depois, ouviu a primeira granada jogada pelo ex-deputado em direção à viatura da PF.

Segundo despacho da Polícia Federal sobre a diligência, a senhora que atendeu Heron era a mulher de Jefferson. O documento diz ainda que o primeiro movimento do ex-deputado contra os policiais foi o lançamento de uma granada. Depois ele deu uma rajada de tiros de fuzil contra os policiais, com cerca de 30 disparos, atingindo a viatura ostensiva da corporação. Os policiais estavam abrigados ao lado do veículo. Em seguida, Jefferson lançou mais duas granadas e efetuou os disparos restantes utilizando um segundo carregador do fuzil.

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 Foto: Estadão

Em seu depoimento, Jefferson chegou a alegar que o policial que pulou o muro da casa teria disparado contra ele após ele jogar a primeira granada. No entanto, o agente relatou que não disparou contra o ex-deputado. A mesma versão consta no despacho da Polícia Federal sobre a diligência neste domingo, 23.

"Após a primeira explosão, não obstante os policiais buscarem abrigo utilizando a viatura, a APF Karina foi atingida por estilhaços na região da bacia, testa, perna e braços, e o DPF MARCELO por estilhaços na cabeça. Os policiais federais DPF Marcelo e EPF Daniel dispararam em direção ao agressor para tentar cessar a agressão injusta. O EPF Daniel após uma pane em sua pistola, empunhou a arma da APF Karina, que estava ferida, para efetuar disparos de saturação e obter tempo para que DPF Marcelo se abrigasse de forma mais efetiva. Ninguém morreu, mas foram dois feridos e uma viatura blindada com mais de 50 disparos de fuzil", diz o despacho.

Outro depoimento que consta do documento de 27 páginas sobre as diligências que culminaram na prisão de Roberto Jefferson é o de Vinícius de Moura Secundo, agente da PF registrado em vídeo negociando a rendição de Jefferson. Na gravação, o policial diz ao ex-presidente do PTB: " O que o senhor precisar a gente vai fazer" - frase que gerou desconforto entre delegados, levando em consideração que dois PFs foram feridos pelo ex-deputado. Depois da repercussão do vídeo, o policial disparou  mensagem no whatsapp em que diz que 'vestiu um personagem para desacelerar a situação' na casa de Jefferson.

À corporação, Secundo disse que Padre Kelmon e um pastor ligado à família de Jefferson furaram o 'bloqueio do perímetro, de forma desconhecida' e entraram na casa. Foi Padre Kelmon - que chegou a ser candidato a vice de Jefferson na campanha à Presidência antes de o ex-deputado ser barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral - que entregou às autoridades o fuzil usado pelo ex-presidente do PTB para disparar contra a Polícia Federal.

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Secundo alegou que entrou na residência desarmado para negociar e se deparou com 'um cenário calmo e mais de dez pessoas na residência'. O agente narrou que 'tinha conhecimento que na casa havia mais armamento e munição do que a que foi entregue, razão pela qual optou por negociar sem confronto'. Ainda de acordo com o policial, Jefferson teria lhe dito que 'tinha consciência e vontade' em atirar na viatura da PF, mas que 'a intenção não era machucar'.

O despacho da PF sobre a operação diz ainda que, de acordo com Secundo, durante o processo de negociação para se entregar, Jefferson 'a todo momento disse que só sairia morto e, inclusive, pediu para o advogado preparar a papelada do cemitério, em nítido sentido de afronta ao cumprimento dos mandados pela equipe policial'.

Leia a íntegra do depoimento de Marcelo

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Leia a íntegra do depoimento de Karina

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Leia a íntegra do depoimento de Daniel

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Leia a íntegra do depoimento de Heron

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Leia a íntegra do depoimento de Vinícius

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