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Inclusão das pessoas com deficiência e eficientes

Por Laís Luiz
Atualização:
Laís Luiz. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Desde o estabelecimento da Lei de Cotas que foi criada em 2012 pelo Governo Federal para acelerar a entrada de pessoas com deficiência nas organizações, alguns PCD´s conseguiram ingressar de forma um pouco mais exponencial no mercado de trabalho. Seja por ações governamentais, terceirizados por associações ou ONGs. Porém, mesmo após esta Lei ser lançada, muitas organizações ainda possuem inúmeras barreiras para preencher posições que exigem diversos requisitos técnicos e comportamentais com este perfil de profissional.

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Segundo o censo do IBGE de 2010, cerca de 24% da população do Brasil possui algum tipo de deficiência seja visual, auditiva, motora, mental ou intelectual. O que corresponde a mais de 45 milhões de PCD´s no país. E se há tantas pessoas com este perfil no Brasil, por que só ainda uma pequena parcela desta amostra está empregada? Segundo uma pesquisa realizada pela Mappit, consultoria de recrutamento em que trabalho, com mais de 100 profissionais de RH, as maiores dificuldades em cumprir a legislação vigente são: falta de capacitação (65%), adaptação da estrutura para receber os profissionais PCD's (40%) e maior lentidão no processo seletivo (38%). Por outro lado, a percepção dos benefícios de se ter este profissional também é elencada no levantamento: inclusão social (88%), a diversidade de pessoas e ideias (69%), valorização da imagem da empresa (45%), atração e retenção de talentos (30%) e diferencial perante aos concorrentes (11%).

Atualmente, converso em média com 65 profissionais PCD´s mensalmente e consigo identificar que existem muitos perfis qualificados, com experiência e que possuem o interesse de serem incluídos em empresas que o façam se sentir parte e que, inclusive, estão lá por mérito e não por cota. Trilhando assim, uma carreira de sucesso como qualquer outro profissional.

Na Mappit, temos um programa para pessoas com deficiência chamado "PCE" - Pessoa Com Eficiência, que possui o intuito de apresentar profissionais qualificados no mercado de trabalho que podem ser incluídos dentro das organizações com o mesmo nível profissional de uma pessoa que não possui deficiência alguma. Afinal, PCD´s também estudam, trabalham, se qualificam e entendem diversos idiomas.

Os desafios continuam e precisamos nos adaptar em relação a maneira como abordamos profissionais com deficiência para qualquer que seja a oportunidade em questão. No caso de pessoas com deficiência auditiva, por exemplo, todo o nosso processo de abordagem precisa ser remodelado de forma que nenhum contato oral é feito. Da mesma forma, o processo com profissionais com deficiência visual também precisa ser adaptado e assim por diante. Não é fácil, mas mergulhando no universo de cada um, eu posso afirmar que é possível realizar um processo seletivo de sucesso e encontrar uma oportunidade de trabalho que faça sentido tanto para o profissional, quanto para a organização.

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Quando falamos de inclusão na Mappit, entende-se que estamos falando de mudanças, de repensar concepções e abrir novos caminhos. A inclusão se faz na diversidade. Precisamos nos movimentar, representar essas pessoas e direcionar nossas ações para que o caminho mostre novas possibilidades para um profissional com deficiência. Como Headhunter de Diversidade e Inclusão, posso dizer que ter um PCD dentro das organizações é um privilégio. Um mundo de novos aprendizados e desenvolvimentos diários que somente quando abrimos nossa mente e coração podemos perceber e observar na prática e, no fim, a certeza de que deficiência não deveria ser antônimo de eficiência.

*Laís Luiz, portadora de nanismo e consultora especialista em recrutamento de pessoas com deficiência na Mappit

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