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Heleno alertou que Bolsonaro não poderia ter acesso a relatório, diz Moro em depoimento

De acordo com o ex-juiz federal da Lava Jato, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) "se comprometeram a tentar demover o presidente".

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Por Fausto Macedo , , Rafael Moraes Moura e Paulo Roberto Netto
Atualização:

O ministro de Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro. Foto: Gabriela Biló / Estadão

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro afirmou em depoimento que o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, alertou em reunião do conselho de ministros que não havia como fornecer ao presidente Jair Bolsonaro os relatórios de inteligência da Polícia Federal sobre os quais o chefe do Poder Executivo vinha manifestando interesse.

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Moro prestou depoimento de cerca de oito horas em Curitiba no último sábado, no âmbito do inquérito instaurado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar as acusações de que Bolsonaro interferiu politicamente na Polícia Federal. O relator do caso é o ministro Celso de Mello.

Os pedidos para ter acesso aos documentos e para mudar nomes na Polícia Federal, segundo Moro, foram feitos em reunião do conselho de ministros, realizada no dia 22 de abril. No dia seguinte, o ex-ministro encontrou-se com Bolsonaro, que voltou a cobrar as trocas e anunciou que tiraria Maurício Valeixo do comando da PF. Moro, então, disse que se o presidente não reconsiderasse, deixaria a função.

Após uma reunião definitiva com Bolsonaro, na manhã do dia seguinte, Moro encontrou-se com o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

Segundo o depoimento, Moro aproveitou a ocasião para "falar pedidos do Presidente de obtenção de Relatórios de Inteligência da PF, que inclusive havia sido objeto de cobrança pelo Presidente na reunião de conselho de ministros, oportunidade na qual o ministro Heleno afirmou que o tipo de relatório de inteligência que o presidente queria não tinha como ser fornecido".

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De acordo com o ex-juiz federal da Lava Jato, os "ministros se comprometeram a tentar demover o presidente",  e o próprio Moro retornou ao Ministério da Justiça "na esperança de a questão ser solucionada". No entanto, logo depois, a imprensa noticiou que Bolsonaro faria a troca na direção-geral da PF, o que resultou na saída de Moro do governo.

Na avaliação de Moro, a saída de Valeixo do comando da Polícia Federal seria um "desvio de finalidade", já que ele acabaria substituído por Alexandre Ramagem, nome próximo à família do presidente Jair Bolsonaro, o que viabilizaria ao chefe do Executivo

tudo isso sem causa e o que viabilizaria ao Presidente da República ter acesso a relatórios de inteligência.

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