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Gravado por Joesley, aliado de Temer 'ensina' a delator técnica contra arapongagem

Deputado Rocha Loures (PMDB/PR) foi recebido na casa do executivo da JBS no Jardim Europa, em São Paulo, e revelou desconforto com janelas sem cortinas de um cômodo; 'o pessoal pode ter aqueles negocinhos e te escutar aqui'

Por Fabio Leite
Atualização:

Rodrigo Rocha Loures. Foto: Dida Sampaio/AE

Gravado por 1 hora e 14 minutos pelo delator Joesley Batista na residência do acionista da JBS, em São Paulo, o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB/PR) - aliado do presidente Michel Temer - demonstrou desconforto com as janelas descortinadas do cômodo onde conversavam. Na ocasião, Loures deu dicas a Joesley para que ele não seja grampeado no seu próprio imóvel e fique a salvo da arapongagem.

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"Aquelas casas aqui da frente, com esse vidro aqui, eles conseguem enxergar lá de fora?", pergunta Loures ao término da conversa, quando Joesley apresentava ao deputado as dependências de sua casa, no Jardim Europa, bairro nobre da zona oeste paulistana. "É que aqui baixa todas as cortinas", respondeu o empresário. "Então, quando você quiser ter sempre privacidade...", emenda Loures.

O encontro, segundo o delator, ocorreu no dia 13 de março - apenas uma semana depois que Joesley gravou a conversa com Temer no Palácio do Jaburu.

Joesley diz que nunca tinha pensado na possibilidade de ser grampeado e o deputado o adverte: "É, mas pensa. Porque o nosso negócio é pensar", disse.

Supostamente indicado por Temer como uma pessoa de sua 'estrita confiança' para ajudar Joesley em seus negócios, o parlamentar prosseguiu nas dicas anti-arapongagem.

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"Sempre que você... tanto para te escutarem aqui, como é de vidro, o pessoal pode ter aqueles negocinhos e te escutar aqui. Ou você põe música aqui", sugeriu Loures. "Por isso, sempre fico com música ligada aqui", respondeu Joesley. "Isso é bom", elogiou o parlamentar. "E a coisa da (janela)... é bom um menino seu para, de vez em quando, olhar, ver se não tem nada estranho (na rua)", completou.

Ao longo da conversa, Loures se comprometeu a ajudar Joesley em assuntos de interesse da holding J&F, que controla a JBS, junto ao Conselho Administrativo de Defesa Ecônomica (Cade) - órgão antitruste do governo federal - , Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).

Depois do encontro, o atento Loures foi filmado pela Polícia Federal, em ação controlada, recebendo uma bolsa com R$ 500 mil em propina viva da JBS em uma pizzaria em São Paulo.

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