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Gleisi pede à Justiça que derrube sigilo do cartão de vacinação de Bolsonaro, blindado por até um século

Decreto administrativo classificou documento como sigiloso por até 100 anos; presidente do Partido dos Trabalhadores argumenta que há interesse público em acessar a carteira de imunização do presidente

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Por Rayssa Motta/SÃO PAULO e Rafael Moraes Moura/BRASÍLIA
Atualização:

A deputada federal e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, entrou nesta segunda-feira, 11, com uma ação na Justiça Federal do Distrito Federal para obrigar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a apresentar seu cartão de vacinação.

Documento

A AÇÃO

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Gleisi deu entrada no processo depois que o Palácio do Planalto impôs sigilo de até 100 anos ao documento. Na ação, a presidente do PT pede que a medida seja suspensa e que o Gabinete de Segurança Institucional e a Advocacia-Geral da União, responsáveis pela medida, sejam intimados a apresentar a decisão administrativa que classificou o cartão como sigiloso.

O juiz federal Adverci Abreu fixou na noite desta segunda-feira (11) um prazo de 72 horas para que a União se manifeste sobre o caso.

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O sigilo foi decretado após pedido de acesso à carteira de vacinação de Bolsonaro feito via Lei de Acesso à Informação (LAI) pela coluna do jornalista Guilherme Amado, da revista Época. Segundo a presidência, o decreto foi baixado porque os dados 'dizem respeito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem' do presidente.

À Justiça, a petista argumenta que há interesse público em consultar o documento e que ele deve estar disponível para acesso enquanto Bolsonaro ocupar o cargo de Presidente da República. Segundo a deputada, manter a carteira de vacinação do chefe do Executivo em segredo, sobretudo durante a pandemia em que há 'franco debate' sobre a necessidade de imunização da população contra a covid-19, é inconstitucional.

"A publicidade é regra e o sigilo é exceção, de sorte que a aplicabilidade do art. 31 da Lei de Acesso a Informação não pode ser imposto ao presente caso, dado que os documentos que se busca acesso gozam de inequívoco interesse social", argumenta Gleisi.

"As informações pessoais do Presidente da República em assuntos de interesse público - o que obviamente se inclui a sua carteira de vacinação período em que esse assunto se encontra no centro do debate político - possui notória relevância social e não podem ser acobertados irregularmente pela decretação de sigilo", acrescenta.

O presidente Jair Bolsonaro ajusta uma máscara no rosto. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Correligionário de Gleisi, o deputado Rogério Correia (PT-MG) também reagiu ao decreto. Na sexta, 8, o parlamentar formalizou um pedido, encaminhado à Mesa Diretora da Câmara, para que a Casa cobre a divulgação do cartão de vacinação do presidente.

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Em meados de dezembro, Bolsonaro disse que não vai se vacinar contra a covid-19. Ele já foi diagnosticado com a doença em julho, mas cientistas ainda não sabem por quanto tempo as pessoas ficam protegidas de uma nova infecção. "Não vou tomar a vacina e ponto final. Se alguém acha que a minha vida está em risco, o problema é meu", declarou.

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