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Gestão de riscos operacionais é vital para as empresas

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Por Mauro Sampaio
Atualização:
Mauro Sampaio. Foto: Arquivo Pessoal

Atualmente, tramitam no judiciário brasileiro cerca de 100 milhões de processos, um volume que cresce, anos após ano, reunindo um montante de risco estimado em R$ 2 trilhões. Se levarmos em conta que um processo leva, em média, cerca de três anos, as empresas brasileiras acabam dispendendo anualmente R$ 700 bilhões para estes processos. Estes valores, na maior parte das vezes, não são claramente identificados pelas empresas, mas afetam o lucro e as reservas. E é a partir dessa situação que muitas empresas acabam quebrando.

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A gestão de riscos operacionais, fator decisivo para a sobrevivência de qualquer empresa, é um grande desafio por exigir grande esforço no aperfeiçoamento de processos internos e na mitigação de perdas inesperadas, assim como na identificação de cenários futuros. As ações trabalhistas estão no centro desta discussão. No caso específico da indústria bancária, dados oficiais apontam que os processos trabalhistas representam mais de 50% dos riscos operacionais. Tanto assim que o monitoramento está entre os objetivos da resolução 4557, que dispõe sobre a estrutura de gerenciamento de riscos e gerenciamento de capital.

O tema risco operacional no caso de demandas trabalhistas é especialmente impactado pelo tema Terceirização, e pela recente da Lei da Terceirização. Isso porque à medida que aumenta o número de colaboradores em empresas contratadas como terceirizadas, crescem também os riscos e o volume de processos trabalhistas, referentes aos terceirizados, tramitando no Brasil. Assim, as empresas contratantes vêm se deparando, nos últimos tempos, com um montante crescente de ações trabalhistas de terceirizados, que podem representar, em casos extremos, até mais de 70% do total de processos trabalhistas da empresa. Este cenário é agravado ainda mais pelo fato das empresas contratantes desconhecerem os, digamos assim, "riscos trabalhistas reais" de suas terceirizadas, na maioria das vezes muito maiores que somente os processos em comum entre a empresa terceirizada e a empresa contratante.

A terceirização é uma tendência mundial, veio para ficar e visa, sobretudo, especialização, eficiência e redução dos cursos envolvidos nas contratações. Aqui no Brasil não será diferente, em setores diversos como os construção civil, energia, varejo, e bancário. Estima-se que, a curto prazo, o número de terceirizados poderá chegar a 20 milhões de pessoas. Por isso mesmo, a gestão é fundamental, evitando o surgimento de fragilidades que ameaçam as empresas e as marcas.

Conforme dados tabulados junto ao Judiciário, cerca de 45% e 50% dos processos contra bancos são ligados a terceiros. Na área de saúde esse número fica em torno de 50%, no elétrico subiu de 25% para 60% nos últimos anos. E estes são apenas alguns exemplos.

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E o maior perigo está justamente na imprevisibilidade dos processos. Por exemplo, uma empresa de varejo que tem 150 posições contratadas desconhece, muitas vezes, que a empresa terceirizada tem mais de 2000 processos. No caso da terceirizada quebrar, a contratante poderá ter que arcar com centenas de processos, visto que as ações acabam dirigidas sempre para os mais fortes. Ou seja, uma situação que, a princípio parecia administrável, era, na verdade, gravíssima.

A partir deste exemplo fica mais fácil entender a extensão e a dramaticidade associadas à exposição dos riscos trabalhistas representados pelo aumento da terceirização. Sendo assim, é fundamental que as empresas contratantes se mantenham atentas ao mapeamento e monitoramento da exposição ao risco jurídico trabalhista de suas terceirizadas.

A boa notícia é que hoje já é possível com técnicas de jurimetria se mapear e acompanhar regularmente o risco das terceirizadas, e acompanhar o grau de exposição ao risco da empresa contratante.

O certo é que hoje, mais do que nunca, as empresas precisam investir na redução de riscos partindo de bases de dados reais de dados, mapeadas regularmente de fontes confiáveis.

*Mauro Sampaio é CEO da EXYON, empresa líder de mercado, especializada em logística de informações, gestão e mapeamento de riscos jurídicos.

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