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Garreta nega malfeitos e diz que PT deve para ele

Marqueteiro de muitas campanhas petistas, preso na Operação Sem Fundos, fase 56 da Lava Jato, relatou à Polícia Federal que 'processa os diretórios em São Paulo e no Rio' por dívidas de 2014

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Por Ricardo Brandt , Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:

Valdemir Garreta. Foto: Clayton de Souza / Agência Estado

O empresário e publicitário Valdemir Garreta, preso na Operação Sem Fundos, fase 56 da Lava Jato, declarou à Polícia Federal que está processando o PT, partido para quem trabalhou como marqueteiro em muitas campanhas. Capturado na sexta, 23, por suspeita de ser o elo de propinas das empreiteiras Odebrecht e OAS para o PT e também para ex-dirigentes da Petrobrás e do Fundo Petros no âmbito da construção da Torre Pituba, sede da estatal petrolífera em Salvador, Garreta foi interrogado nesta terça, 27, na PF em Curitiba.

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Nas planilhas de propinas da Odebrecht, Garreta era identificado como 'Programa'. O marqueteiro falou à PF sobre suas relações com o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS - ambos presos e condenados na Lava Jato.

Segundo ele, quando Vaccari assumiu as finanças do partido 'manteve relações com ele no âmbito comercial e pessoal'.

Garreta contou que a relação com Vaccari 'possui vários momentos, isto é, o primeiro momento ocorreu na greve de 1983, mas nunca teve uma relação próxima, até ele vir exercer o cargo de tesoureiro do Diretório Nacional do PT'.

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Em 2014, disse, fez a campanha do PT em São Paulo e no Rio de Janeiro para governador 'e ambas ficaram devendo um total de R$27 milhões, sendo que nesse período intensificou os contatos com Vaccari'.

Em 2012, segundo afirma, fez 6 campanhas municipais para o PT. "Vaccari disse para ficar tranquilo porque o Diretório Nacional saldaria os pagamentos ainda durante as campanhas, o que foi feito, através de transferências entre os diretórios. Em 2014 o pagamento devido não ocorreu, tanto que até hoje processa os diretórios do PT em São Paulo e no Rio de Janeiro."

Ele afirma que 'conseguiu o bloqueio de contas do diretório paulista'.

Garreta disse à PF que 'é colega' de Luís Carlos Afonso Fernandes, ex-presidente da Petros. O marqueteiro admitiu ter conversado com Léo Pinheiro sobre a sucessão na presidência da Petros em 2014, 'pois ele tinha muita preocupação que assumisse alguém oriundo da área financeira da Petrobrás, tanto que, pediu ao declarante para que tentasse convencer Luís Carlos a voltar atrás'. Mas, segundo Garreta, o ex-mandatário da Petros se recusou a falar com ele.

Sobre mensagem de 11 de janeiro de 2014, resgatada de suas correspondências por email, em que perguntou ao empreiteiro se tinha novidades sobre a Petros ('news da petros') - ao que Léo Pinheiro respondeu com um relato sobre a situação da sucessão na presidência do fundo -, respondeu que 'o interesse no assunto era porque se a sucessão na Petros se desse para Carlos Costa ou Newton Carneiro estaria de certa forma preservadas suas relações comerciais com a Invepar (grupo a quem prestava serviços)'. "Portanto, a informação tinha uma importância estratégica especial."

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Ao ser questionado sobre suas relações com a Odebrecht, o marqueteiro falou de um crédito que tinha de US$ 700 mil junto à campanha para a Presidência no Peru, em 2011. Ele disse que foi informado que iria receber, 'em espécie', de Fernando Migliaccio, ex-coordenador do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, o famoso departamento de propinas do grupo. Garreta contou ter recebido dinheiro vivo em um flat.

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