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Ganho de produtividade é o passaporte para o futuro

Por Fernando Valente Pimentel
Atualização:
Fernando Valente Pimentel. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Produtividade é a palavra-chave para criarmos uma economia verdadeiramente forte, de alta renda e desenvolvida. Infelizmente, esse índice está bastante estagnado no Brasil. O fato é ainda mais preocupante, pois o País já ingressou na fase pós-bônus demográfico, na qual a população economicamente ativa era maior do que a de idosos e menores de 16 anos. Estamos envelhecendo antes de ficarmos ricos, ao contrário das nações desenvolvidas.

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O grande crescimento que tivemos a partir da década de 50 e até a de 80 foi proveniente da migração, do campo para as cidades e do trabalho rural para o emprego urbano, de numeroso contingente de pessoas. O grau médio de instrução de nossa população era bem menor do que hoje. Porém, a mudança de uma economia agrária, pouco mecanizada, para atividades industriais propiciou grande salto no crescimento do PIB.

Hoje, contudo, não haverá mais fomento econômico em decorrência direta do aumento do número de pessoas no mercado de trabalho. A solução passa, necessariamente, pelo ganho de produtividade, que implica inovação e avanço tecnológico, científico e da pesquisa, bem como investimentos em áreas fundamentais, como saneamento básico, educação, cultura e formação de cérebros. Também são essenciais políticas públicas mais precisas, alinhadas às rápidas transformações do mundo, mas também com métricas passíveis de avaliação e correção de rumos. Exigem-se, ainda, planejamento, execução assertiva e liderança.

O ganho de produtividade será cada vez mais crítico, inclusive para a sustentabilidade da própria previdência, que exigirá novas adequações daqui a algum tempo. Não há alternativas! Se não fizermos isso, perpetuaremos uma sociedade que ficou presa na armadilha da renda média, com risco de empobrecimento. Os investimentos para viabilizar essa meta devem ser provenientes dos setores privado e público, mas precisam ser direcionados com foco correto. Documento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) sintetiza três eixos para tal direcionamento: absorver tecnologias emergentes na revolução da Indústria 4.0; potencializar a inovação, por meio do apoio às atividades de P&D das instituições de ciência e tecnologia públicas e do setor privado, do fortalecimento da educação básica e tecnológica; e fomentar a modernização da manufatura.

Ou seja, temos diagnósticos precisos. Sabemos que o "Custo Brasil" gera perda de produtividade. Existem bons exemplos de experiências bem-sucedidas de algumas administrações na área pública, mas faltam cases bem fundamentados para sua multiplicação. Ao mesmo tempo, como temos postergado numerosos problemas, ainda temos de lidar com agendas dos séculos 19, 20 e 21. Por isso, produtividade é a palavra-chave para o futuro com mais equanimidade socioeconômica, mais bens, produtos e serviços, acessíveis a todos.

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Os ganhos de produtividade dependem fundamentalmente de fatores humanos e do grau de investimentos na economia, que está muito baixo, em torno de 15% do PIB, índice que mal repõe as perdas do capital já instalado. Um país como o Brasil tem de investir anualmente acima de 20% do PIB para ter êxito em sua trajetória de recuperação e desenvolvimento.

Somos capazes de promover ganhos de produtividade, como ficou muito claro nesta pandemia. Em meio à tragédia da perda de numerosas vidas humanas, avançamos muito nas relações do consumidor com as empresas, lançando mão de tecnologias contemporâneas. Assim, é preciso ampliar os bons exemplos e estender tais progressos para toda a economia. Enquanto não tivermos os resultados advindos da educação, pois se começarmos hoje demorará ao menos uma geração para termos retorno, é preciso definir muito bem as políticas e fortalecer o ambiente de negócios. Somente assim as empresas serão estimuladas a investir, ampliando a produtividade, de modo sustentável e socialmente responsável.

A economia brasileira subiu cinco posições e passou ao 57º lugar entre 132 países analisados na edição 2021 do Índice Global de Inovação da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO). Porém, seguimos numa posição muito aquém de nossa potencialidade e de nossa posição como 12ª maior economia. Não podemos permanecer passivos ante a constatação, contida em outros estudos, de que o trabalhador brasileiro leva uma hora para entregar o mesmo produto ou serviço que um norte-americano provê em 15 minutos e um alemão ou sul-coreano em 20. Sobretudo, não podemos continuar demorando três séculos para realizar o que várias nações conseguem fazer em três décadas.

*Fernando Valente Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit)

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