O ministro Gilmar Mendes, do Supremo, apontou a existência de 'mecanismos obscuros' que, segundo ele, marcam capítulos e investigadores da Operação Lava Jato. Irritado com o que classificou de 'investigação informal da Receita' e de procuradores do Ministério Público Federal, Gilmar afirmou, na sessão plenária da Corte, nesta quarta, 2. "Gangster no comando de investigação!"
Ele citou o auditor Marco Aurélio Canal, chefe da Equipe de Programação da Receita no Rio, preso nesta quarta, 2, na Operação Armadeira, sob suspeita de comandar esquema de cobrança de propinas de empresários e até de delatores da Lava Jato.
Canal estaria envolvido em uma trama de bisbilhotagem que teria como alvo o próprio Gilmar, sua mulher, Guiomar, e o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli.
Ao citar o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná que, segundo ele, pediu ao então chefe da Receita em Curitiba, Roberto Leonel, para dar 'uma olhada informal' em declarações de rendas de familiares do ex-presidente Lula, o ministro afirmou. "Investigação informal na Receita!".
Ele reportou-se à Operação Armadeira, deflagrada nesta quarta, 2, no Rio por ordem do juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Criminal Federal.
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PEDIDO DE PRISÃO CONTRA AUDITORES 1Documento
PEDIDO DE PRISÃO CONTRA AUDITORES 2"Não é por acaso que hoje os jornais estampam, e vem de novo do Rio de Janeiro, essa notícia de que um fiscal ligado à Lava Jato, supervisor de Programação da Receita foi preso por estar vendendo informações para empresários que estavam sendo achacados, Marco Aurélio da Silva Canal", disse o ministro.
Segundo Gilmar, o auditor preso na Armadeira estava fazendo investigação inclusive em relação a ele na Receita.
"Certamente a mando dessa gente!", declarou Gilmar, referindo-se a procuradores da Lava Jato.
Segundo o ministro, estava em curso 'um quadro sistemático e reiterado de ofensas à legalidade e aos princípios constitucionais da ampla defesa dos investigados'.
Essa situação, segundo ele, 'tornou-se incontroversa com o desvendamento de uma verdadeira máquina de provas ilícitas que era utilizada pela Lava Jato, muitas vezes, de forma espúria e para enganar o Judiciário e o próprio Supremo Tribunal Federal'.
"As informações reveladas dão conta de que a força-tarefa (da Lava Jato) utilizou sistematicamente contatos informais com autoridades na Suíça e em Mônaco e contatos com a Receita."